"O projeto Boémia Vadia, nasceu em Valencia no ano 2011, a partir das cinzas dos Fado Blues, e do finiquito do Circo Ô Cirque, teatro equestre contemporâneo. Com a intenção de amenizar os desgostos e aplacar as deçepções, o amor que de forma expontânea me uniu à alma do circo, Rebecca Amar, incentivou-me a criar uma ideia que sempre acreditei ser original e com potencial suficiente para poder ser muito mais que uma simples ideia.

A fusão entre as minhas influências dos anos 80, 90, desde o rock, pop, até às raizes da música popular e tradicional portuguesa, (com “o olho posto” no fado), e as belas influências do cabaret de Paris, e da literatura e poesia francesa de Baudelaire, Apolinaire, que a parisiense Rebecca já dominava. Rapidamente concluímos que os dois idiomas “casavam” bem nas melodias e canções que pouco a pouco fui criando. Passámos a dedicar o nosso tempo, a criar e ensaiar um reportório suficientemente aliciante para apresentar em cima de um palco, e chegado o momento fizémos-nos à estrada, acompanhados desde o ínicio pelo Kim Coutinho, (um “velho” companheiro de aventuras nos Falecido Alves dos Reis, e nos Alucina Eugénio). Durante esse ano apresentámos a Boémia ao vivo em vários concertos pela Comunidad Valenciana e Madrid, com uma aceitação por parte do público em formas de surpresa, que gerou bastante motivação à linha a seguir. Como o Kim reside no Porto e nem sempre era possível acompanhar-nos, optei em 2012 por adaptar o reportório a um formato duo, com vozes, baixo e algumas guitarras ao vivo, e bases electónicas a suportar todo o composto. Com esse formato fizemos uma pequena tour pela Catalunha, (Barcelona, Girona e Sant Feliu de Guitxols), Madrid, Guadalajara, Valencia, e viemos pela primeira vez a Portugal apresentar concertos em Lisboa, Braga, Guimarães, e Porto, (nomeadamente, nas lojas FNAC). Devido às criticas positivas que recebemos e à forma bastante acolhedora e positiva em como fomos recebidos e tratados, começámos a articular a ideia de transladar-nos para Portugal com o projeto.

Sendo eu natural de Lisboa e residindo em Espanha há 17 anos, prevalecia a saudade e o desejo de poder voltar um dia. Em 2013 a “gitana” Rebecca sugeriu a margem sul do Tejo como base de operações, e em Agosto do mesmo ano estávamos já de malas e bagagens aviadas, em direção ao destino elegido. Dessa forma facilitámos a possibilidade do Kim Coutinho poder voltar a tocar connosco ao vivo, assim como outros músicos que ao longo do tempo nos deram o prazer de nos acompanhar ao vivo. Fomos gravar um EP de apresentação do projeto em Portugal, que se chamou "Circo Amar" e foi gravado num mês e meio no estúdio do nosso amigo Pedro Gonçalves (ex guitarrista dos Bramassaji, do Porto), que se encarregou da produção. Durante esse ano e 2014 fizemos concertos em Lisboa e Porto, e começámos a sentir a necessidade de renovar fronteiras criativas e aumentar a capacidade sonora, que só seria possivel com a entrada de mais e bons músicos no seio do futuro grupo. Para começar, precisava de um bom baterista com disponibilidade, que gostasse do projeto, e um amigo deu-me o contacto de um que poderia eventualmente estar interessado. Quando me apercebo, estava a mostrar o meu trabalho nada mais e nada menos que ao Emanuel Ramalho, (consagrado baterista de grupos míticos como os Street Kids e os Rádio Macau, e posteriormente, os Delfins), que depois de ouvir me telefonou e me disse com a sua natural simplicidade que tinha gostado, e que no que dependia dele, já tínhamos baterista. Era questão de acertarmos ensaios e a máquina estaria de novo na estrada, potencialmente renovada. Durante o ano de 2015 rodámos ao vivo por Portugal com uma sonoridade que já se aproximava bastante do objectivo estabelecido, e chegámos à conclusão que era o momento ideal para entrar em estúdio e gravar o nosso primeiro álbum. O master Ramalho fez a proposta e a Boémia Vadia assumiu e agradeceu.

Decidimos parar a actividade ao vivo, e durante todo o ano de 2016 estivemos em fase de composição, arranjos e gravações no estudio Aqui Há Gato, no Algueirão. Nunca trabalhámos com editoras, agências ou managements, e sempre optámos por fazer o trabalho por nossa conta, sabendo que as dificuldades financeiras podiam perjudicar a execução deste sonho coletivo. Tentámos uma campanha de crowd-funding nas redes sociais, sem êxito, o que nos obrigou a maiores esforços para a tão desejada finalização do trabalho. No final do ano o disco estava gravado com as canções que queríamos e o som que desejávamos. Tivemos o imenso prazer de poder contar com participações especiais de amigos músicos, de várias nacionalidades, (somos Vadios...), que culminou com a entrada na formação do grupo do guitarrista Eduardo "Bufalo" Correia, (outro "velho" companheiro dos Falecido Alves dos Reis), que completa o quadro humano que a Boémia Vadia levará até aos palcos neste ano de 2017. No início deste ano, contavamos auto-editar o álbum, com as condições que tínhamos ao alcance, mas algo maravilhoso sucedeu. Uma nova editora independente sediada em Cascais acabava de nascer, de seu nome A Moca da Foca. Uma editora com instinto vocacional, direcionada à promoção da música portuguesa em defesa dos animais, ou à promoção da defesa dos animais através da música portuguesa, que nos fizeram o convite para participar activamente nesta nova e fantástica aventura. Somos naturais amantes e defensores acérrimos da vida animal, a Boémia Vadia nasceu entre cavalos, burros, cães e gatos. Agora seguimos rodeados de cães e gatos (porque não há espaço para os cavalos e os burros), assim que esta proposta é ouro sobre azul para a familia boémia. A Moca da Foca veio trazer finalmente o reconhecimento ao meu trabalho e dedicação ao longo dos 5 anos de existencia da Boémia Vadia."
(Mário Ferreira)

Os Boémia Vadia são:
Mário Ferreira: voz portuguesa, baixo, guitarra, teclas, percussão e melódica
Rebecca Amar: voz francesa e performance
Kim Coutinho: teclas, guitarra acústica e coros
Eduardo "Búfalo" Correia: guitarras eléctricas e acústicas
Emanuel Ramalho: bateria, percussão e programações

https://amocadafoca.wixsite.com/amocadafoca
https://www.facebook.com/boemia.vadia

©2017 A Moca da Foca (AMDF1702)
Gravado ao longo de 2016 no estúdio Aqui Há Gato, no Algueirão
Fotografia: Rodrigo Miragaia e Naná Sousa Dias

1. Araigné du Soir (2:33)
(letra: Valerie Rebecca Amar; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
2. Radar Dependência (4:39)
(letra: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa; Valerie Rebecca Amar; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
3. Bodas de Sangre (3:40)
(letra: Frederico Garcia Lorca; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
4. L'Homme en Habit Rouge (5:23)
(letra: Barbara; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
5. Se Tu Viesses Ver-me (3:51)
(letra: Florbela Espanca; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
6. Chapiteau de L'Atlantique (6:02)
(letra: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa; Valerie Rebecca Amar; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
7. Foutez-Moi La Paix! (1:46)
(letra: John Martinez; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
8. O Niño Soldado (3:56)
(letra: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
9. Alma Gémea (5:02)
(letra: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa; Valerie Rebecca Amar; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
10. Doucement (5:26)
(letra: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa; Valerie Rebecca Amar; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)
11. Exodus (4:45)
(letra: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa; Valerie Rebecca Amar; música: Mário Augusto Ferreira dos Santos de Sousa)