Feito de uma mistura fina entre tensão e contemplação, "Slit" é o tema de apresentação do novo álbum de Dear Telephone. A câmara de André Tentúgal revela esta ambivalência, prendendo os músicos em planos duros e estáticos, para logo perseguir os seus olhares entre a névoa de lirismo. Em fundo, como sempre, a cidade - agora, mais perto do que nunca. “Cut” é editado em vinil no dia 27 de Outubro pela PAD e os primeiros concertos confirmados são dias 26 e 27 de Outubro no Theatro Gil Vicente em Barcelos.

“Em 2011 os Dear Telephone surpreenderam-me com uma canção chamada “Close my Eyes”, uma das mais felizes versões de Arthur Russel que alguma vez chegaram aos meus ouvidos. O espaço que o tema criava, pela sua parcimónia e sofisticação, transportava-me sempre para um lugar especial.

Os primeiros segundos de "Cut", segundo longa duração dos Dear Telephone, anunciam um rumo diferente e transportam-nos para outro lugar. Continuando a explorar sabiamente as subtilezas do formato canção, a música do quarteto tornou-se mais expansiva e direta. E mais americana que britânica. Talvez por isso, estranhamente, mais exigente para dela retirar toda a riqueza subjacente. Mas rapidamente nos sentimos recompensados por nos deixarmos envolver.

Neste novo lugar dos Dear Telephone os uníssonos desapareceram e o André recuou para a Graciela, como na belíssima capa, avançar e assumir a voz do grupo. A música ganhou mais espaço para respirar e divagar, mas o toque para as canções eficazes permanece intacto (“Automatic” e “Turnover”) mantendo a capacidade para, dentro do mesmo tema, nos transportarem à estratosfera para depois, suavemente, nos fazerem aterrar, como em “Cut”, “Nighthawks” ou “Slit”. E temos também convidados, que nunca soam excessivos ou redundantes, trazendo argumentos novos à sonoridade da banda. Ouça-se a espantosa "View”, aprumada peça coral pop, ou os belíssimos arranjos de saxofone em “Fur”.

A música dos Dear Telephone continua a ser um lugar especial. Aproveitemos para nos deixar levar.”

Luís Fernandes


BIOGRAFIA

Formados em 2010, os Dear Telephone reúnem Graciela Coelho, André Simão e Ricardo Cibrão e Pedro Oliveira.

Inspiram-se no nome da curta-metragem de Peter Greenaway “Dear Phone” – 1976, para deixar expressa a vontade de decantar soap operas e melodramas de bolso, em composições duras e frugais.

Editam o primeiro registo em março de 2011 pela PAD, o EP “Birth of a Robot”, entusiasticamente recebido pela imprensa e apresentado ao vivo em salas como o Theatro Circo, Hard Club (c/ Anna Calvi) ou em festivais como o Optimus Primavera Club e Milhões de Festa, entre outros. Integram a compilação “Novos Talentos Fnac 2011” e representam Portugal na edição de agosto 2011 do “Music Alliance Pact”.

Ocupam o final de 2012 no processo de composição do primeiro longa duração - "Taxi Ballad" - editado em Maio de 2013, ano que dedicam integralmente à tour de apresentação deste registo, do Centro Cultural Vila Flor – Guimarães, Casa da Música até ao Optimus Primavera Sound. Em 2014 fazem a estreia fora de Portugal, no Powerlunches (Londres) e preparam simultaneamente os concertos de encerramento da tour – que termina no final de 2015, com uma mini-tour na Bélgica e passagem pelo Centro Cultural de Belém.

2016 foi dedicado à composição do segundo álbum, gravado em 2017 com Nelson Carvalho nos Estúdios Valentim de Carvalho e edição agendada para outubro do mesmo ano.

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©2017 PAD
André Simão: baixo; guitarra eléctrica nas faixas 1, 5, 6, 7 e 9; teclados na faixa 3; piano nas faixas 2 e 5; voz
Graciela Coelho: teclados, voz
Pedro Oliveira: bateria, percussão
Ricardo Cibrão: guitarra eléctrica
Convidados:
Fernando Ramos: saxofone alto
Romeu Costa: saxofones alto e barítono nas faixas 1, 2, 4, 6 e 7
Alexandrina Saramago, Ana Sofia Vintena, José Fernando Vale, Nuno Areia e Rita Fernandes: voz nas faixas 1, 2, 4, 8 e 9

Todos os temas compostos por André Simão, Graciela Coelho, Pedro Oliveira e Ricardo Cibrão
Arranjos de saxofone por André Simão
Arranjos de ensemble de voz por Nuno Areia
Letras de André Simão

Gravado, misturado e produzido por Nélson Carvalho nos Estúdios da Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos
Masterizado por Andy Vandette no Andy vandette Mastering, Nova Iorque, Estados Unidos
Saxofone e coros gravados por José Arantes na sala de ensaios
Fotografia: André Tentugal
Styling: Carla Pontes
Design: Graciela Coelho

1. Fur (3:50)
2. Slit (3:57)
3. Automatic (3:34)
4. Cut (4:57)
5. Nighthawks (5:47)
6. Turnover (2:58)
7. From This Place Where I Am Standing (3:30)
8. View (4:10)
9. The First person Ever (9:59)