Para os Glockenwise, a ganga e a acne (pelo menos, na sua grande maioria) já eram. Mas, apesar da evolução, dos quilómetros de estrada, de concertos transpirados, de uma digressão europeia, de uma nova maturidade, de grandes palcos e de palcos menos grandes, toda a jovialidade dos quatro miúdos barcelenses mantém-se. Aqui não há falhas: é só boa onda, rock’n’roll a sério e a crença de que, um dia, será a distorção a comandar o mundo.

Por isso mesmo, o sucessor do reconhecido Building Waves (2011, Lovers & Lollypops/VICE) já está quase aí. Leeches, o segundo longa-duração dos Glockenwise, tem data prevista de lançamento para Maio deste ano e foi marinado nos estúdios portuenses Sá da Bandeira, contando com a companhia de luxo de João Brandão, Eduardo Maltez (L&L) e de João Vieira (X-Wife) na produção. “Time to Go”, o primeiro single, é um regresso às origens – ao caos dos carismáticos Black Lips, à robustez de uns Stooges e às boas nutações, cheias de adrenalina, como ditam os MC5.

É assim que se fazem as grandes bandas. Se fosse melómano, Neil Armstrong diria: “Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a musicalidade.” Só que, neste caso, é mais uma corrida para a energia e para a descarga corporal. Porque, se pensarmos bem, as canções dos Glockenwise fazem parte daquele tipo restrito de música que estoura com amplificadores e com diferenças de idades – transgeracional. O Rafa, o Fiusa, o Cris e o Nuno não têm dúvidas disso.

Ana Beatriz Rodrigues

Bio Glockenwise


Em 2007, Rafa, Nuno, Fiúsa e Cris estavam em plena adolescência, cansados da rotina que Barcelos, a sua cidade-natal, lhes oferecia. Sempre lhes correu o rock nas veias, até porque os quatro cresceram perante uma conjuntura que palpitava garage, lição que os conterrâneos Green Machine tão bem lhes ensinaram. Aliás, quem não se lembra do vocalista Nuno a fazer continência ao capitão rock’n’roll João Pimenta, na edição de 2011 do Milhões de Festa?

Contudo, para os Glockenwise, a primeira evasão a sério da garagem barcelense deu-se com a edição do longa-duração de estreia, Building Waves, em 2011. Falamos aqui de canções que gritavam contra o tédio e contra o acne; temas de rock puro, duro, a chegarem-nos directamente à cara e às pernas. Já aí se faziam sentir as influências punk tão díspares como MC5, Stooges, ou Black Lips e o público percebeu a liberdade que deste som advinha. De facto, nessa digressão, os Glockenwise pisaram palcos como o do Vodafone Mexefest Porto, ou o Super Bock Super Rock, correram o país de norte a sul em transportes públicos (a sério, perguntem-lhes como é que uma banda sobrevive nestes moldes) e até fizeram a sua primeira tour europeia.

Mas é agora, em 2013, que os Glockenwise se afirmam. O segundo disco, Leeches, tem uma toada lo-fi e pretende reflectir a situação do país – afinal, já não estamos na adolescência, apesar de algum acne permanecer. Leeches, gravado nos portuenses Estúdios Sá da Bandeira, chama a atenção para as dificuldades que os jovens, como estes quatro, têm de lidar para entrar no mercado de trabalho. É uma versão mais polida – e sempre irreverente –, a evolução orelhuda natural da sonoridade dos Glockenwise. Ou, simplificando: os meninos cresceram e ganharam ainda mais pêlo!

Leeches chega às lojas no próximo 20 de Maio, com o selo da editora portuense Lovers & Lollypops e VICE. Leeches conta, igualmente, com a ajuda de Pedro Sousa (Canzana, Pão) nos saxofones de “Bad Weather”. João Vieira (X-Wife), Eduardo Maltez (L&L) e de João Brandão (Estúdios Sá da Bandeira) foram os produtores de serviço daquele que será o melhor aperitivo sonoro para um Verão que tarda em chegar.

Ana Beatriz Rodrigues


Membros
Rafael Ferreira (guitarra)

Cristiano Veloso (bateria)
Nuno Rodrigues (voz e guitarra)
Rui Fiúsa (baixo)

1. Super Villain (2:25)
2. Bad Weather (1:47)
3. Time to Go (2:32)
4. Mood Swings (2:00)
5. Napoleon (2:09)
6. Leeches (2:26)
7. Losing / Doubt Manthra (4:51)
8. Goodbye (1:22)

©2013 Lovers & Lollypops / Vice
Produzido por João Vieira, João Brandão e Eduardo Maltez.
Gravado e misturado nos estúdios Sá da Bandeira (Porto) por João Brandão e Eduardo Maltez. Assistência de Cláudio Tavares e Fipu. Masterizado por Miguel Pinheiro Marques no Bender Mastering Studio (Porto).
Todos os temos por The Glockenwise. Pedro Sousa toca saxofone em "Bad Weather", Cláudio Tavares toca percussão em "Napoleon", João Vieira toca sintetizadores em "Super Villain" e "Napoleon".
Foto de capa por Blues Photography Studio. Design por Bolos Quentes.

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