BIOGRAFIA

Os Radar Kadafi, um dos grupos de estética mais acentuadamente Pop em Portugal, surgiram no ano de 1984, em Lisboa.

A formação original era constituída por Luís Gravato (vozes), Tiago Faden (baixo), Fernando Pereira (guitarra), Luís Sampaio (teclados) e José Bruno (saxofone).

Radar KadafiO nome do grupo foi escolhido para a participação do mesmo na edição desse ano do Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous. O grupo começou por se chamar, apenas, Radar; mas como o líder líbio Kadafi estava a aparecer muito na televisão; alguém sugeriu que fosse acrescentado ao nome.

A banda classificou-se em terceiro lugar no referido Concurso. Essa classificação permite-lhes participar na colectânea editada pelo Rock Rendez-Vous, com o tema "La Maquina", cantado em italiano.

Uma das características deste grupo, para além da sua veia melancólica e assumidamente Pop, eram as suas "performances" ao vivo. A componente cénica (que chegou a compreender a presença de um bailarino) era muito importante para a banda e, simultaneamente, distinguia este projecto de outros da mesma área.

Em 1987 assinam um contrato discográfico com a editora multinacional Polygram e gravam o disco "Prima Donna". Ao mesmo tempo, assinam um contrato de agenciamento com a empresa Os Malucos da Pátria.

A edição original do único longa duração do grupo, editado em vinil, contém um lado A inteiramente composto por canções cantadas em português [Lusitano] e um lado B com temas em espanhol, italiano e francês [Imigrante].

Produzido por Ricardo Camacho o LP contém os temas "40 Graus À Sombra" e "Eu Sei Que Não Sou Sincero", para além de "Maria" e "Romance da Sereia e do Cupido". As canções que não são cantadas na língua de Camões têm títulos como "Le Rasoir Qui Tue", "Brigitte Bardot", "Balada de Toréro & Danzarina" ou "La Calle".

No "encarte" do disco pode ler-se que "Este álbum é vivamente aconselhado a todos aqueles que estão tocados pela fremência da paixão, sendo próprio para acompanhar os momentos inebriantes na presença do ente amado. Pode também ser bailado, recomendando-se que seja escutado bem alto para que ambos os corações possam bater em plena sintonia.".

A banda não conseguiu sobreviver muito tempo porque o sucesso estava a mexer com as personalidades dos músicos.

Em Novembro de 1987 o grupo dá o seu último concerto e encerra-se o capítulo da música melancólica e das letras apaixonadas.

O disco "Prima Donna" foi reeditado em formato CD, em 1998, para que todos possam comprovar se o que está escrito acima é verdadeiro ou não.

ARISTIDES DUARTE / NOVA GUARDA

O álbum "Prima Donna" foi gravado no Angel Studio em Março de 1987. O disco inclui canções de Maio de 1982 a Fevereiro de 1987. Luís Gravato (voz), Guli (bateria), Tiago Faden (baixo), Fernando Pereira (guitarras), Luís Sampaio (teclas), José Bruno (saxofone) e Patrícia Lopes (coros).

"Esplendor na Relva" e "Estendal Lusitano" foram alguns dos seus espectáculos e marcaram um estilo: adereços em profusão, suportes audiovisuais, um desconcertante apresentador, o showman Tell Tapia. Para o verão de 1987 o espectáculo concebido dava pelo nome de Radar Tim Tim.

DISCOGRAFIA

Prima Donna (LP, Polygram, 1987)
Eu Sei Que Não Sou Sincero/Quando Tango Tango (Single, Polygram, 1987)

COMPILAÇÕES SE

O Melhor de 2 - Mler Ife Dada/Radar Kadafi (Compilação, Universal, 2001)

Colectâneas

Música Moderna Portuguesa 2º Volume (1986) - La Maquina

COMENTÁRIOS

Os temas em pretensos francês, italiano e espanhol tentam caracterizar determinadas situações, clichés, próprios a essas línguas. As letras não são fiéis a essas línguas, utilizamos palavras que as pessoas vêem em banda desenhada, filmes, publicidade, palavras fáceis e acessíveis. E ao utilizar-se essas línguas, desmistifica-se a potência anglo-saxónica do "pop". É importante mostrar que há línguas latinas que podem ser concorrentes. (Tiago Faden/TVG)

Encerrado um capítulo na vida do grupo, pensa-se já na mudança, fruto natural de um percurso. Prima Donna, é por um lado, o culminar de um trabalho que vimos desenvolvendo ao longo dos anos, um fase de espectáculos, letrista, cénica, de "design" e de produção musical. Por outro lado, é o início de algo novo que começa agora. Descobrimos o cliché do "pop"-rimas, a construção musical do verso, refrão. Hoje, tentamos que as coisas não se encaixem tão estruturadamente. Queremos passar do cliché musical para uma fase mais aberta. (TVG)

"Uma analogia a todo o mundo de Hergé, a aventura da adolescência. É a simbologia Tim Tim, não óbvia, tratada por nós numa "picadora" especial, e visível em cenários, murais, painéis, projecções e toda uma série de objectos móveis. Há ainda canções e músicas que poderão ser ouvidas no espectáculo e que não voltaremos a utilizar. Quem não vir perde..." (Tiago Faden/TVG)

NO RASTO DE...

Luís Sampaio entrou para os Delfins em fins de 1988. Anteriormente tinha encetado um projecto com Tiago Faden que não chegou a gravar.

Tiago Faden foi executivo da editora Sony. Envolveu-se na criação da editora Lisboa Records que editou em 2007 uma compilação dedicada à capital.

Guli dedicou-se à arquitectura.

Luís Gravato é ilustrador e designer gráfico.

O saxofonista Zé Ninguém chegou a tocar com Sei Miguel.