BIOGRAFIA

O projecto Algozes - Grupo de Cantares Regionais foi formado em 1981, quando João Viveiros e os irmãos Rui e Zé Camacho decidem formar um grupo de música tradicional para concorrer ao Festival do Faial.

Dando destaque às violas de arame, braguinhas e aos rajões, instrumentos fundamentais no cancioneiro tradicional madeirense, iniciaram desde cedo a recolha de músicas, instrumentos e canções tradicionais da Madeira. Paralelamente à recolha de temas populares procuraram criar um reportório próprio de intervenção.

Nos primeiros anos do grupo actuaram em conjunto com os grupos Narayama e Bentaguayre. O grupo faz a banda sonora de espectáculos do Dia Mundial do Teatro e de uma peça de Bertold Brecht com encenação de Robert Merino.

Enquanto Algozes queriam chamar a atenção para as lacunas aparentes que existiam na cultura popular da Madeira. Em 1988 decidem mudar de nome para Xarabanda, uma mistura de 'Xaramba' e 'banda'. A ideia era reforçar o respeito e defesa da música tradicional. O 'xaramba' é uma música praticamente ignorada, mas que é facilmente assimilável pelas pessoas e identifica a própria cultura musical da Madeira.

Nesse ano a BBC transmite um programa sobre o grupo intitulado "Sons e modos de tocar, cantigas tradicionais de trabalho, de lazer e romarias da Madeira".

Em 1989 é editado o disco de estreia do grupo "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" gravado em Novembro de 1988. Esse trabalho agrupou cantares que de uma forma geral retratam as 4 estações do ano na vida madeirense. Um dos principais objectivos foi o de incluir temas pouco divulgados e que estavam em risco de se perderem.

O Xarabanda começa também a contar com a colaboração de musicólogos como Manuel Cadafaz de Matos e mais tarde com o antropólogo Jorge Torres, que será de alguma forma um novo elemento do projecto, detendo as funções de coordenador dos trabalhos e director da Revista Xarabanda.

Em 1992 o Xarabanda vai à Venezuela para o Dia de Portugal. Apontando para a edição de um disco nesse ano, as expectativas sairam frustradas. Mas nem tudo são azares. Nesse ano, o grupo lança-se em projectos não discográficos editando a Revista Xarabanda com o objectivo de "servir de ponto de estudo e divulgação de tudo o que diz respeito à tradição popular e etnografia madeirense".

Seria em 1994 que o segundo disco era colocado cá fora. Novamente com edição de autor, chamar-se-ia "Longe da Vista Me Vai" e fazia já a ponte entre a primeira fase da carreira do Xarabanda e a segunda fase, com algumas canções de trabalho ("Canção dos borracheiros") e o romance tradicional ("Rico franco").

Mais produzido que o primeiro album, "Longe da vista me vai" seria acompanhado igualmente por uma série de concertos e digressões, de entre os quais se destaca uma à África do Sul e Venezuela em 1995 e a organização dos festivais "Ao encontro da Música Popular", o único evento na Madeira dedicado à música tradicional. Por outro lado, já em 1995, a Associação Xarabanda lançar-se-ia na edição de algumas das recolhas que têm efectuado com personalidades da tradição oral madeirense e  o grupo lançaria também um livro de recolhas de romances e cantigas da Madeira, que acompanha as edições em CD da colecção Recolhas Xarabanda e uma colecção de postais dedicada aos instrumentos de música tradicional da Madeira.

ADAPTADO DE BIOGRAFIA DE JOÃO MAURÍCIO MARQUES (1995)

DISCOGRAFIA

Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira (LP, Ed. Autor, 1989)
Longe da Vista Me Vai (LP, Ed. Autor, 1994)