Histórica primeira maqueta da banda portuense então formada por Carlos Santos (voz e guitarra), João Rodrigues (guitarra solo), André Aleixo (guitarra ritmo), Rui Rocha (baixo) e Paulo Duarte (bateria).

1. Drag Your Feet (5:53)
2. Headless People (4:25)
3. I Wish You Weren't So Happy (3:26)
4. Melancholic Girl (3:14)
5. One Way Road (4:55)
6. The Tired Poet (4:30)

Sobre os The Melancholic Youth Of Jesus:

Emergindo, durante o ano de 1990, nos arredores de Vila Nova de Gaia, e pelas mãos de Carlos Santos (voz, guitarras, programações), os The Melancholic Youth of Jesus cedo se vão estabelecer como uma referência no meio underground português, criando, desde os primórdios, uma aura de culto e independência à sua volta. Como prova disso, uma míriade de cassetes com gravações de concertos ao vivo ou compilando demos, vai circular pelos ávidos seguidores do seu som denso, tingido de negro. É neste contexto que surge a compilação não-oficial "Cycle World", que reune temas dispersos recolhidos entre o anos da sua fundação e a edição do primeiro registo oficial, a cassete "Hall of Noises", em 1992. Espelhando o fascínio do seu mentor pelos escoceses The Jesus And Mary Chain, quer a nível sonoro, quer a nível de escolha da nomenclatura para o projecto e imagética lírica, essa compilação revela, também, outras referências, tais como The Sisters of Mercy, entre outros epitomas do pós-punk. Durante esta fase, a formação vai sentindo alguma instabilidade, até que, por fim, se fixa em Carlos Santos (voz, guitarra), João Rodrigues (guitarra solo), André Aleixo (guitarra ritmo), Rui Rocha (baixo) e Paulo Duarte (bateria). É com estes elementos que o colectivo procederá, então, à aguardada gravação de um Mini-LP, a já citada cassete. Benefeciando de uma óbvia melhoria a nível sonoro (comparativamente com os títulos coligidos pelos fãs e que circulavam de mão em mão), este trabalho presenteia todos os seus seguidores com pérolas com "Drag Your Feet" ou "I Wish You Weren’t So Happy". Embora não perca a energia dos seus concertos, nem uma certa crueza própria de demo-tapes, já apresenta alguns dos tiques metálicos (embora ainda domados) de Rodrigues. Esta estreia é muito bem recebida (chegará a vender 1500 exemplares, facto considerável para um título de estreia, ainda por cima no formato cassete e em auto-edição!!!), consolidando o estatuto da banda e grangeando-lhes ainda mais concertos, sempre com muito público. Durante 1993, Carlos Santos formará os Honey Pitch, projecto paralelo e de ambiências mais experimentais, que editará uma cassete. São, também, convidados pelo programa Pop-Off para a gravação do vídeo-clip de "Drag Your Feet", ao mesmo tempo que aceitam o repto da Independent Records para a gravação de um álbum. Paralelamente, entram para o grupo Gabriel Maia (guitarra) e Ricardo Oliveira (bateria, percussão). Gravado ainda em Novembro desse ano, só verá a luz do dia em Outubro do seguinte, já em formato CD. Entretanto - e ainda antes do final de 1995 -, vêem incluído o tema "Honeysuckle" na compilação "Portugal Rebelde Vol 1". Contendo seis composições, três das quais constituindo regravações de temas de "Hall of Noises" ("Drag Your Feet", "Headless People" e "Tired Poet"), o disco segue, basicamente, as pistas já apresentadas nesse anterior trabalho. O único senão a apresentar foi a rédea solta que as guitarras metálicas de Rodrigues tiveram, decaracterizando a imagem de marca da banda não tanto pelas implicações sonoras mas, e acima de tudo, pela inclusão de incaracterísticos solos rebuscados ao grunge e metal, tão em voga na altura. Tal denota-se, especialmente, nas novas canções apresentadas, dando esses arranjos uma tonalidade muito hard-rock ao resultado final. Apesar disso, o disco estava recheado de boas canções e de um feroz espírito de independência, facto que o torna, ainda hoje, num registo marcante e de referência. Inicialmente previsto intitular-se "Everybody Sucks While Jesus Fucks", acabará por sair com o título de "Lowveld", ultrapassando as vendas de "Hall of Noises". Ao mesmo tempo, tornam-se numa das bandas mais requisitadas para actuações ao vivo, tocando, não só, um pouco por todo o país, mas, também, extendendo a tourné promocional pela Europa, prolongando-a pelo ano de 1995. Nesse ano ainda, sai, via Independent Records, a compilação "Deixe de Ser Duro de Ouvido Vol 1", na qual é incluída a faixa "Headless People". Durante o biénio de 1995-1996 o disco será objecto de reedição, uma das quais será feita em conjunto com o fanzine "Peresgotika". São, aliás, os concertos e a preparação de um novo trabalho que vão ocupar os TMYOJ nos anos sequentes. Entrando em estúdio em finais de 1997, vão incluir, já em 1998, duas canções em compilações: "The Devil’s Tongue" (na "Alternative World Vol 1" e "I Ain’t Ever Going Down", num dos volumes da revista Promúsica, ainda antes do lançamento, em Novembro, do CD-Single "Wonderlust". Restando na formação apenas Carlos Santos (que adopta, temporariamente, o nome de James Kaarl Willard) e Ricardo Oliveira, o EP apresenta um novo rumo para o projecto. Já sem os riffs heavy que haviam marcado o anterior disco, a sonoridade apresenta-se mais pop, numa paleta de cores deliciosamente indie, deixando transparecer alguns resquícios das suas raízes profundas, mas alargando horizontes e definindo novos contornos sonoros. Para esta viragem, em muito contribuiu o novo papel desempenhado por Ricardo Oliveira que, além de se ocupar da bateria e percussões, irá também tocar guitarras, baixo e teclados, sendo acompanhado por um leque de músicos que incluirá João Rodrigues e Luís Oliveira (guitarras), Nelo Silva (baixo), Sérgio Pereira (teclados e guitarra) e João Costa (violoncelo). Durante 1999 é editado o longa-duração "One Life Ain’t Enough". Incluindo as composições do EP, permite uma melhor e mais abrangente visão do novo percurso da banda. Navegando por territórios não distantes de uma Sarah Records ou do shoegaze, demonstra uma maturidade a nível de concepção de arranjos que se espelha por todas as faixas. Ao mesmo tempo, a formação metamorfoseia-se com a inclusão de Agostinho Ferraz e Jorge Marques (guitarras), João Marques (baixo), Sérgio Pereira (teclados, guitarras), para além de João Costa (violoncelo) e de Sandra Silva (voz). Segue-se uma tourné, já com outra formação (Ricardo Dias na guitarra, André Couto no baixo e Luís Ferreira na bateria), que Carlos Santos aborta a meio, desistindo da prosseguir por achar que o grupo teria alcançado o seu ponto mais alto possível. Ressurgirá com os TMYOJ já em 2003, anunciando o seu regresso com a edição da compilação "A Cure 4 A Contemporary Dis-E’s" (desta feita pela mYOGENIc) que, para além de conter alguns clássicos, tem a mais valia de incluir material nunca editado. Sucedeu-se uma fase parca em concertos, em que o músico volta a ser acompanhado por Ricardo Dias e Luís Ferreira, juntamente com Paulo Costa (no baixo). Encontrando-se, de momento, a residir em Londres, Santos procedeu a mais uma remodelação da banda, estando, presentemente, a trabalhar com Francis (ex-Xutos & Pontapés, Ravel) e Pedro Solaris (dos Diva), ambos nas guitarras, e Paulo Castro (ex-Ritual Tejo, Quinta do Bill), nos teclados. Estando já finalizada a fase de pré-produção, espera-se, para breve, a edição de tão aguardado registo, edição essa que deve ser acompanhada por uma série de concertos um pouco por todo o país. [Paulo Martins]

Fonte: http://underrrreview.blogspot.pt