RAPS: DEL
BEAT: ZGA
Observa o obverso… Estás a ver o verme? Estás a ver-me, verme? Perverso reflexo em reverso, num vértice verto isso: Estás a ver-te? Cada verbo, um cadáver aberto. Há diversos universos nos versos,
tu
versus
tu,
Vórtice.
Efeito adverso.
Explora-me durante mais um fragmento de
momento.
Entranha-te nas minhas vísceras, visto ser bom alimento, parece-me que para parasitas não haverá julgamento! Pára e verás que com o tempo, tornar-se-há mais difícil matar o tempo... ele torna-se um excelente adversário.
O único que morre... és tu mesmo!
Ambos morremos. Somos ambos o mesmo. Consisto em constituintes que não assisto. Assisto à sua destituição, nisso insisto. Sejamos sucintos: sinto-me um ciclo finito que se repete desde o inicio do infinito. Isto é o mesmo que nunca ter sentido, mas dizer isso não tem sentido, porque eu senti-te e foi sentido. Sentados a matar o tempo um do outro. Sem perder para o tempo, pois não perdíamos tempo, um nem outro! Perdoávamos tudo… Deve ser a loucura de não ser louco! Fomos transformando-nos e crescendo, aproveitando-nos um do outro. Fomos humanos, pelo menos pareceu-me um pouco! Até que se esgota a carne (agora sou gangrena no esgoto), até que se molda o que já não arde (agora sou um molde de um homem oco). Pele e osso, sem polpa. Mas ainda querias mais! Eu também…
Fomos íntimos, mas não convém,
intuímos que queríamos o saboroso tutano um do outro, julgo que só eu o levei…! Agora fiquei sem estrutura, um pedaço de um colapso. Preciso de algo, algo que me ensine a dar de novo os primeiros passos. Preciso de algo, quem sabe, alguém, ou de passar a perna a alguém, mas roubar-lhe as pernas é que resultava bem...
Ergo-me de novo!
Mais do que ego; tenho corpo. Caminho sobre os destroços dos
antigos legos e
ossos que agora colo e
esforço-me para que fique um trabalho perfeito, mas não posso! Faltam peças... é-me tão óbvio! Devem ter sido reduzidas a pó… Não tenhas dó nem piedade, tem piada na verdade!
8 de Outubro de 2011 ~ DEL
Vídeo: TΩDΩ-PΩDEλΩSΩ