"Balão de Ferro, um power-trio de rock à moda antiga, mas sem ponta de ferrugem, prestes a descolar, prontos para arrasar, com um estrondo.
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Acabam de chegar, ainda poucos os conhecem. O que nos sugere o nome? Se cantassem em inglês seriam os Iron Balloon? Talvez não, seria uma colagem demasiado evidente ao dirigível de chumbo comandado por Jimmy Page. Mas a sugestão do nome está lá, tornando a comparação incontornável. Então comparemos, como quem compara alhos e bugalhos: uma banda de 4 virtuosos surgida em Londres há mais de quarenta anos e de estatuto lendário e de estatura intergaláctica. E uma banda recém-criada em Braga por três jovens músicos. Nada em comum, aparentemente, excepto talvez a influencia dos Blues. Ou a competência invulgar que cada um exibe no seu instrumento. Ou a habilidade com que absorvem uma cultura musical extraordinariamente ecléctica e a integram numa sonoridade original e inconfundível. Ou o génio criativo por trás de tudo: Compositor, guitarrista, cantor, engenheiro de som, produtor. Guitar Hero genuíno capaz de obrigar a sua guitarra a gritar toda e qualquer sequência de notas que lhe ocorra interpretar, feiticeiro da pedaleira capaz de lhe alterar a voz a preceito num autêntico voodoo analógico. Se a voz não é a dum Robert Plant, tanto melhor, não nos arrepiam as poses andróginas do glamour rock e focamo-nos numa vocalização plena de feeling e autenticidade, a lembrar Hendrix ou the Black Keys e até Rui Veloso, por que não?
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Mas a música do Balão de Ferro fala por si e, em vez de me alongar a descrevê-la prefiro ouvi-la, e começo a suspeitar que não vou conseguir parar.
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Enfim, parece que o rock português está salvo, melhor ainda, apresenta uma saúde de ferro.
Muito atentamente,
Gonçalo Caldeira
Criativo de publicidade, Fã nº 004."