Não falemos hoje de transgressões. Daquelas transgressões que nos eram exigidas, para que se pudessem levar a cabo, as músicas e as letras, as danças pela reunião dos corpos suados, desconcertados de mexidos: cuspidos de tão cantados.
Hoje todos nós sabemos que isto mais parece transgredir que viver.
Divisões e afastamentos por termos corpos, corpos capazes de tanto para que se abracem. “Presenciar Fogo-Fogo alimenta partes em nós que se revelam famintas de troca humana. É suor-perfume que nos lembra que ter vontade por vezes basta!”
Não falemos mais das insistências pelas memórias que se esvaem sob inclinação veloz da vida. Sob o paradoxo de viver rápido para viver atempadamente, sabendo que isso nos tira todo o tempo que nos faria viver bem. Também isso parece uma transgressão: fincar o pé no bom por muito velho, ao invés de no novo por muito que refrescantemente e passageiro.
Hoje todos nós somos vítimas e transgressores ao mesmo tempo. Desse tempo que vê para diante preferindo remediar o novo do que resgatar a boa e omissa cura.
Falemos sim, por outro lado, de soluções. Dessas soluções que não podem deixar de ser o caminho, pois nunca houve outro. Existem, por mais transgredidas ou remediadas que sejam, formas de continuarmos por cá, e é essa a proposta que Fogo Fogo apresenta no segundo avanço do seu primeiro disco: a ressalva no valor dos valores, e o mergulho sobre as condições do que, como seres viventes, nos une ou inspira. Desta forma, esta flecha feita música de Fogo Fogo aparece realçando com “Ca Ta Da”, que de outra forma não vai dar.
Let us not speak today of transgressions. Of those transgressions that were required of us, so that they could be carried out, the songs and the lyrics, the dances for the reunion of sweaty bodies, disconcerted by stirring: spat out with so much singing.
Today we all know that this seems more to transgress than to live.
Divisions and separations because we have bodies, bodies capable of so much to embrace. “Beholding Fire-Fire feeds parts of us that are hungry for human exchange. It's sweat-perfume that reminds us that having the will is enough sometimes!"
Let us no longer speak of the insistence on memories that vanish under the swift inclination of life. Under the paradox of living fast to live on time, knowing that this takes away all the time that would make us live well. This too seems like a transgression: sticking to the good for too old, rather than the new for too refreshingly and fleeting.
Today we are all victims and transgressors at the same time. From that time forward, preferring to remedy the new rather than rescue the good and omissive cure.
On the other hand, let's talk about solutions. These solutions cannot but be the path, as there has never been another. There are, no matter how transgressed or remedied, ways to continue here, and this is the proposal that Fogo Fogo presents in the second advance of its first record: the reservation in the value of values, and the dive into the conditions of what, as living beings, unites or inspires us. In this way, this arrow made music of Fogo Fogo appears to be enhanced with “Ca Ta Da”, which otherwise won't work.