Enigmacru
Emperfeito Equilíbrio
Escrito e produzido por: Each e Chek
Scratch: Dj Crava
Realização: Pedro Santasmarinas
Assistente de Produção: Amadeu Pena da Silva
Assistente de Imagem: André Dias
Agradecimentos: Ana Almeida | José Pedro Lopes | Paulo Castilho | Lok | Vasco Mendes
Letra:
Não quero dividir estas partículas de oxigénio contigo!
Mesmo parecendo infinitas são menos enquanto ‘tás vivo.
Somos tão diferentes que nem nisso eu quero que sejamos parecidos.
E foi assim que comecei a não conseguir dormir
o sono ‘tava-me a roubar o tempo todo
e além disso os pesadelos levam-me a sítios onde não quero ir!
Trepei co’s os pés ensopados as pedras,
e estranhamente esmaguei-as,
quando escorreguei nelas transformaram-se em cabeças mas eu tinha que ir!
Desfiguraram-se antes de eu as distinguir.
Agarraram-me antes de eu conseguir sair dali.
Foram elas que me acordaram sem que adormecesse…
P’a suportá-las só com o candeeiro e um cigarro aceso.
Até que aquela sensação desaparecesse,
Suportei-a de todas as vezes mas nesta quanto mais ar tu respiras mais se propaga!
Peguei na garrafa da mesa, bebi a água.
Eu engoli tal como as coisas que ouvi que não se apagaram.
Arderam como os cigarros que rapidamente acabaram nos meus dedos,
tão quentes que os acendia com eles.
Tremi até ficar de braços presos ao pensamento.
Senti os lábios rubros a queimar como gelo.
Tão frios que me rasgaram a língua ao tentar dizê-lo.
E foi assim que comecei a não conseguir dormir.
Sangras-te com a chave ao enterrar-se na órbita / Sangrei com a chave ao enterrar-se na porta
Arranquei-te os ossos ao puxá-la de volta / Arranquei a madeira ao puxá-la de volta
Reguei-te, c’um nó em cada rótula / Entornei, a água caiu da cómoda
Acendi as cordas, acordei com o fumo / Acendi o isqueiro e acordei com o fumo.
Depois saí pelos furos da persiana
(Confuso)
Quando procuro o ponto zero dos murmúrios
alguns começam algures no meu cérebro.
Repetem-se constantemente em eco.
Falo sozinho quando as vozes batem no teto! Como se ‘tá tão perto?
Meço a distância entre o meu corpo e o cubo,
para saber se tu és em concreto quem julgo.
Se és quem eu culpo ou um distúrbio…
Mas os teus cigarros queimaram-me tudo,
e os teus gritos explicam porque não durmo.
E os dedos partidos, vasos, tecidos rompidos no punho.
Até que ponto me cruzo com a dimensão dos meus sonhos quando acordado?
Tenho questionado o meu estado como se ‘tivesse só num,
depois de ter estado em vários percebi que todos tinham algo em comum…
“Doutor Humberto já não sinto os efeitos do Dormicum,
hoje o mais certo é que quebre o jejum com Triticum.”
Mandei um nem demorou um seg…
Os baldes oscilavam ao ritmo dos meus passos.
A chuva caía, tornava-os mais pesados. / O suor escorria, escorregava-me pelos braços.
Vertendo terra enquanto tentava equilibra-los,
c’os sapatos enterrados em pequenos lagos!
Dificultavam-me o trajecto do jardim ao terraço.
Já deves caber no buraco se te cortar aos pedaços.
Só que o meu medo ocupa mais espaço.
Voltei a nado pelos lagos que eu tinha formado c’os meus passos,
deformados pela água que os tapava à medida que eu me enterrava ao procurá-lo um pouco mais abaixo.
Ao encontrá-lo apercebi-me do meu cansaço.
O chão tornou-se demasiado viscoso para ser calcado!
A hipótese de ficar preso por momentos tornou-se num facto!
Até que fui puxado.