A dupla de Setúbal composta por Pedro Franco e João Mota tem novo disco. "Homem-Delírio" é o 3º disco de canções de Um Corpo Estranho, 6º no percurso total do duo, que conta já, também, com três bandas sonoras para os bailados, "A velha Ampulheta", "Qarib" e "A Almofada da Paula", este último baseado na obra da pintora Paula Rego. Finalistas do Prémio José Afonso em 2015, escrevem em conjunto canções em português e têm vindo a compor para curtas metragens e peças de dança/teatro físico.

Após dois discos, "De Não Ter Tempo" (2014) que conta com a participação de Celina da Piedade e inclui uma versão de um tema de Madredeus (acreditado por Pedro Ayres Magalhães) e "Pulso" (2016), considerado por alguma imprensa especializada como um dos melhores discos nacionais do ano (Santos da Casa RUC, Certeza da Música, No Sólo Fado), os Um Corpo Estranho voltam em 2019 com um terceiro disco de canções originais.

"Homem Delírio", editado pela Malafamado Records com o apoio da Fundação GDA, editado a 22 de Março, com a participação de Sérgio Mendes (produção e guitarra, elemento já frequente nos arranjos da banda), Celina da Piedade (acordeão) e Paulo Cavaco (piano) como músicos convidados. Todo este processo foi acompanhado e documentado através da lente dos fotógrafos Rui David, Xetubre e André Areias.

Neste novo registo o duo explora um universo mais introspectivo e intimista, apoiando-se numa poética inspirada no surrealismo e no teatro do absurdo, envolvendo os oito temas que o compõem em camadas ambientais mais densas que nos discos anteriores. Homem-Delírio é, segundo a banda, um disco de ruptura com os universos dos discos anteriores, uma viragem necessária na sonoridade que tem vindo a caracterizar o projecto, ao mesmo tempo que assume uma aproximação ao lado mais ambiental que a dupla tem vindo a explorar nas composições para bailado, num assumido namoro ao terreno das artes plásticas e performativas.

A ilustração da artista plástica Rita Melo para a capa do disco foi o ponto de partida, dando uma cara e uma personalidade ao Homem Delírio, no fundo, a entidade-narradora que nos acompanha ao longo dos temas. Rita Melo está representada em várias colecções públicas e privadas, expõe individual e colectivamente desde 2004 e tem representado Portugal internacionalmente em diversos projectos.

O realizador António Aleixo (com o apoio da Garagem produções e Souza Filmes) fez a interpretação visual do primeiro single, "O Estrangeiro", e ligou-o com a ilustração e com a temática da letra, dando origem ao vídeo interpretado por João Bordeira. Depois do primeiro single e vídeo, João Mota e Pedro Franco, abrem os bastidores a todo o processo que envolveu o novo trabalho de originais num segundo vídeo, populado pelas várias intervenções de artistas locais que a banda compilou ao longo do processo.
“Tudo começa nas canções e nas letras, sendo que, durante a composição, surgiram vários personagens, arquétipos e paisagens, dando-nos, desde cedo, a noção de que este trabalho tinha de ser dilatado para fora da nossa esfera habitual. Quisemos alargar a música a outras vertentes artísticas e lançámos o desafio a cada parte envolvida. Havia a preocupação de procurarmos uma linguagem comum, ao mesmo tempo que incentivávamos a liberdade criativa de cada interveniente.”

“Por fim a ideia alastrou-se ao tipo de espectáculo ao vivo que iríamos dar. Sentimos que este disco pedia mais do que o formato habitual de concerto. Lançámos o desafio ao Ricardo Mondim, com quem já tínhamos trabalhado anteriormente, e começámos a criar o que vai ser o universo cénico do disco. No fundo, cada trabalho é separado e tem uma expressão própria, sendo que cada peça, vídeo, música, espectáculo e ilustração servem para contar uma versão da estória deste disco.”

Sobre a estreia ao vivo, no dia 11 de Maio no Teatro São João em Palmela, tratou-se de um espectáculo que alia o teatro físico e a dança à música do disco.  Foi interpretado pelos próprios membros da banda e Ricardo Mondim, a quem coube também a encenação e o conceito plástico da peça. "Homem Delírio" é uma narrativa sem texto, para além das letras das canções, que parte da premissa de um universo distópico, em que Abelâmio, a personagem central, se move por entre ruínas e escombros de uma civilização caída, e se vê obrigado a reinventar o sonho e a esperança, respigando, pelo caminho, objectos e memórias de um passado esquecido, dando vida a elementos e figuras fantásticas que populam o seu imaginário. A produção coube à Passos e Compassos tendo os figurinos ficado a cargo de Zé Nova.

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https://umcorpoestranho.bandcamp.com

©2019 Malafamado Records
Todos os temas e Muztek
João Mota: voz, coros, guitarra
Pedro Franco: coros, guitarras, guitarlete, banjo, theremin, serrote musical, percussões, baixo, programações
Músicos convidados:
Sérgio Mendes: guitarra, baixo, lapsteel
Paulo Cavaco: piano
Celina da Piedade: acordeão
Produzido por Sérgio Mendes e Um Corpo Estranho
Captação, edição e masterização nos Malafamado Estúdios
Ilustração: Rita Melo
Artwork/design: Leonor de Almeida
Fotografia: Rui David

1. Fio a Par do Mal (2:28)
2. Sangue Irmão (4:16)
3. Homem Delírio (5:42)
4. O Estrangeiro (3:28)
5. Escombros (3:47)
6. Hera (4:07)
7. Só o Paraíso (3:22)
8. Valsa do Acaso (4:05)