Este registo que mescla leituras de textos sublinhados com retalhos e paisagens sonoras tem por base assinalar a efeméride dos 25 anos da publicação do livro de poesia de Paulo José Miranda “A Voz que nos Trai” e com o qual venceu, nesse mesmo ano de 1997, o primeiro Prémio Teixeira de Pascoaes.

De edição limitada, em dois formatos, CD digisleeve e caixa de madeira, incluindo um booklet de 8 páginas, tem a particularidade da capa ser uma obra original do artista plástico Hugo Castanheira e que consiste numa pintura sobre as tampas de 54 caixas de madeira, fazendo, na edição de caixa de madeira, com que cada um desses 54 exemplares se tornem peças únicas.
A introdução no booklet é da autoria do professor António de Castro Caeiro.

Herr G (Rui Geada) e Fuel2Fight (António Caeiro), agradecem a participação e disponibilidade de Paulo José Miranda e dos convidados:

» Abel Raposo (Hist)
» António de Castro Caeiro (Professor de Filosofia Antiga)
» António Leonardo (Erros Alternados)
» Carlos Magalhães (The Dreams Never End)
» Carlos Matos (Ode Filípica)
» Carlos Paes (Designer)
» Cecília Vilas Boas (Poetisa)
» Eunice Correia (Actriz/Performer)
» Fernando Faustino (DW Void)
» Hugo Castanheira (Pintor)
» Hugo Santos (Order in Chaos)
» Jesuíno Simões (antes dementes)
» João Pinheiro (Floating Ashes)
» José Henrique Almeida (Seres)
» José João Loureiro (Orquestra Popular de Paio Pires)
» Leonor Assis (Poetisa)
» Lola Argiriou (Actriz/Artista Plástica)
» Lucinda Sebastião (Lur Lur)
» Maria Manuel Monteiro (Poetisa)
» Mário Resende (Seres)
» Miguel Leonardo (Poeta)
» Paulo Riço (Essa Entente)
» Pedro Corte Real (Lur Lur)
» Sandro Menino (Andrew Junger)
» Sérgio Gomes (Actor/Performer)
» Tiago Caeiro (Zinzama)

Reprodução do texto de introdução no booklet, de autoria de António de Castro Caeiro:

"O Paulo José Miranda apareceu-me na vida pela primeira vez no início do ano lectivo 91-92. A indumentária com que se apresentava fazia-o personagem do filme Dick Tracy de Warren Beatty (1990). Cedo se destacou entre os meus alunos. Era músico e tinha interesses literários, sobretudo em poesia. Foi cedo que me deu a ler alguns dos seus poemas. Lembro-me de um em particular. Falava do pai, da vida dura, de ser operário, num ambiente geral de amor e ternura. Vejo ainda agora à minha frente a folha de papel A5, branca, pautada, com uma letra irrepreensível, redonda, azul, imaculadamente legível. Estávamos na entrada da Torre A da NOVA FCSH. Ele diz-me que eu lhe perguntei se havia mais de onde “este” tinha vindo. “Este” era o poema. O Paulo ainda conheceu o meu avô. Era na casa do avô que eu tinha o meu gabinete. Um dia subiu de Paio Pires até à Junqueira. Fui busca-lo ao pé da antiga FIL - hoje, Palácio dos Congressos. Conversámos a tarde inteira sobre a matéria das cadeiras que eu estava a dar: Scheler, Descartes. Fazíamos a travessia das tardes de sexta-feira, das 14 às 18. Implacável o rigor desse tempo. Depois, fomo-nos encontrando e ficamos, como se diz, amigos. O “poeta” tal como o meu pai o baptizara tinha vindo para ficar. Veio a prosa, os prémios, a consagração, o trabalho contínuo com a palavra. Apesar de não se interessar pelo estrangeiro até dada altura na sua vida, o filho da margem sul e de Lisboa partiu para a Turquia e depois para o Brasil. Encontrávamo-nos mais no estrangeiro ou no espaço virtual da internete do que ao vivo e a cores. Lembro-me de ainda sem haver programas de “chat” escrevíamos mails um ao outro para conversar sobre o que fazíamos, enquanto ele estava no Bósforo e eu na Floresta Negra. Fui ter com o Paulo numa das minhas viagens a Florianópolis e descobri a região com ele ao mesmo tempo, porque embora ele já vivesse lá há muito tempo, não andava mais do que um raio de 50 metros, tendo como epicentro a sua casa. O Paulo ainda hoje não tem carta de condução. E ainda bem. No regresso a Portugal, a vida assentou e vamo-nos vendo. O seu trabalho literário é consistente, mas não nos encontramos só por causa dele. Há ainda o que acontece com os nossos amigos, qualquer coisa de promessa e de futuro que se abre vida fora. Nunca tive o interesse exclusivo de saber se há mais “poemas”. No fim do mês de Novembro, encontramo-nos em São Miguel, pois Lisboa estava pequena demais para ele".

Todos os textos que integram este registo são da autoria de Paulo José Miranda e constam do livro “A voz que nos trai” editado em 1997 pelas Edições Cotovia, Lda.

©2022 Anti-Demos Cracia (ADC100MAR2022)
Edição: 31 Março 2022
Formato:
» CD em caixa de madeira. incluindo um booklet de 8 páginas (54 exemplares) (esgotado)
» Edição 1 em CD digisleeve, incluindo um booklet de 8 páginas (16 exemplares) (esgotado)
» Edição 2 em CD digisleeve, incluindo um booklet de 8 páginas
Design: Carlos Paes

https://anti-demos-cracia.bandcamp.com/album/re
https://www.facebook.com/Herr-G-meets-Fuel-2-Fight-106236044873996

1. Amanhece / Cântico Mudo (feat. Paulo José Miranda) (2:54)
2. Prefácio a Uma Morte (feat. Carlos Matos) (4:15)    
3. A Mágoa e o Poema (feat. Carlos Magalhães) (3:08)    
4. O Fim (feat. Hugo Santos + Fernando Faustino) (6:17)    
5. Lisboa Só (feat. José Henrique Almeida + Mário Resende) (5:45)    
6. Desejo (feat. João Pinheiro + Pedro Corte Real + Lucinda Sebastião) (2:29)
7. Em Terras do Teu Corpo (feat. António Leonardo + Miguel Leonardo) (2:05)    
8. A Estação Velha (feat. Cecília Vilas Boas + Maria Manuel Monteiro) (2:22)    
9. A Voz Que Nos Trai (feat. Zinzama) (4:54)    
10. O Que Sobejou da Noite (feat. Eunice Correia) (1:36)    
11. O Esconderijo (feat. Leonor Assis) (1:41)    
12. Judas (feat. Abel Raposo + Paulo Riço) (2:11)    
13. O Oráculo (feat. José João Loureiro) (4:14)    
14. O Doente (feat. Sérgio Gomes) (2:01)    
15. Na Paragem (feat. Jesuíno Simões) (4:50)    
16. A Rapariga dos Cebelos Cor de Avelã de Breve Mel (feat. Sandro Menino + Lola Argiriou) (3:12)    
17. O Outro Lado do Dizer (feat. Zinzama) (2:36)