Para recordar e reactivar a secção "Barcelos Rock City" aqui no estabelecimento, proponho hoje recordarmos um concerto dos hard rockers Shamans Of Rock no Kastru's Bar (Forjães, Esposende) a 31 de Janeiro de 2009.
Não estou aqui para enganar ninguém: o som não é o melhor. Longe disso. Não significa, contudo, que esteja uma amálgama inaudível. Longe disso também. O problema é que a sala era muito pequena e em locais pequenos onde o backline assume mais protagonismo, o som da mesa de mistura tem de se conter um bocado em algumas vias. Assim, o que aqui foi registado era o que estava no output da mesa de mistura. Na sala o som estava francamente melhor. Neste há o habitual em registos na mesa de salas pequenas: coisas desiquilibradas, uns instrumentos mais altos e outros mais baixos. Mesmo assim, melhorou-se um bocadito para minimizar as coisas. Se se ouve? Claro que sim, senão isto não vinha para aqui. E boas audições.
Para conhecerem melhor a banda, reproduzo depois das fotos uma entrevista efectuada pelo Pedro Luís Silva.
O ficheiro de audio tem 105MB e está em mp3 a 320K.
Fonte: mesa de mistura.
Suporte: Minidisc.
O alinhamento do concerto foi o seguinte:
1. Live For Rock'n'Roll (5:09)
2. Rise And Fall (4:02)
3. Gypsy Woman (4:22)
4. Life Is Hard (4:34)
5. Dive Into The Fireball (3:09)
6. Ready To Go (8:00)
7. Angel Cry (2:45)
8. Rock & Roll (3:51)
9. Burn (Deep Purple) (5:09)
10. Are You Ready To R'n'R (2:38)
Entrevista efectuada por Pedro Luís Silva:
Os Shamans of Rock formaram-se em 2005 com elementos de Rendimento Mínimo e Karandiru, praticando desde logo um pujante hard-rock herdeiro da década de 70. Depois da maqueta gravada em 2007, Ricardo Reis (guitarra e voz), Bruno Leite (guitarra e voz) e Óscar Sousa (bateria) lançaram este ano o álbum de estreia, “Dive Into The Fireball”, que contou com a participação do guitarrista italiano Stefano Ferrari. Agora, de volta ao formato power trio, o rock’n roll não pára. “Siga para a frente!”.
Contem-nos resumidamente como começaram os Shamans of Rock.
Bruno Leite: Começámos numa altura em que eu tocava nos Karandiru e o Ricardo tinha saído dos Rendimento Mínimo há pouco tempo. Começámos a dar uns toques para curtir, depois investimos mais no grupo. Com o Óscar, que também estava nos Rendimento Mínimo, continuámos a tocar até hoje.
Desde o primeiro concerto, em 2006, até à edição do “Dive Into The Fireball”, levaram cinco anos. Porquê este tempo todo de espera?
Ricardo Reis: Houve vários aspectos… Queríamos introduzir mais um elemento na banda. Procurámos vários guitarristas e nunca conseguimos ninguém fixo, ou porque as pessoas não tinham disponibilidade, ou porque não havia aquela química entre todos, e as coisas foram-se prolongado até há pouco tempo.
Que foi quando encontraram o Stefano Ferrari, que gravou o álbum convosco. Ele surge no grupo por intermédio do Bruno, não é?
BL: Sim, conheci-o no Porto. Tocávamos juntos nos Barrabaz Blues Band. Não era nada sério, mas ainda chegámos a dar alguns concertos. O Stefano é italiano e esteve cá um ano a estudar através do programa Erasmus. Um dia, disse-lhe: vamos ali a Barcelos, à terra do rock’n roll, dar uns toques. Quando ele chegou cá, adorou e encontrou aquilo que queria fazer. Hoje em dia até vem de Itália para tocar connosco, porque gosta de tocar nos Shamans of Rock, gosta de Portugal e gosta de Barcelos.
Mas o Stefano já não faz parte da banda…
RR: Ele está em Itália. Teve que voltar para o país dele e nós tivemos que ficar outra vez os três. Mas não é nada que não se resolva. Continuamos os três e siga para a frente!
Vocês gravaram com o José Arantes [já trabalhou com Green Machine, peixe:avião, entre outros]. Como correu o processo de gravação?
RR: Foi porreiro. Como a gente já o conhecia, tornou as coisas muito mais fáceis a nível de expores as ideias, para ambas as partes.
Lançaram o disco em edição de autor por opção?
RR: Nem sequer andámos à procura de quem o editasse…
E a distribuição como é que está a ser feita?
BL: Para já, temos os discos à venda na Louie Louie, no Porto, e no café do Tio Álvaro, em Barcelos. Mas, entretanto, vamos colocá-los em mais lojas.
“NÃO TEMOS A OBRIGATORIEDADE DE CANTAR EM PORTUGUÊS OU EM INGLÊS, É O QUE SURGIR”
Já têm tido feedback?
BL: Sim, temos recebido algumas críticas, e até agora foram boas. Se bem que ainda não distribuímos bem os discos, quando o tivermos feito poderemos ter uma percepção melhor da reacção das pessoas.
Têm concertos marcados para promover o álbum?
RR: Vamos começar entretanto a marcar concertos. Temos que ver de todos, por causa da vida pessoal e profissional de cada um, e a partir daí vamos começar a marcar datas.
O vosso som é bastante influenciado pelas bandas dos anos 70, como Led Zeppelin, AC/DC, Deep Purple, etc… O rótulo de hard-rock retro ou revisionista incomoda-vos?
Óscar Sousa: Não me incomoda, mas as coisas não podem ser só marcadas dessa forma, porque, apesar de soarmos muito a hard-rock, não somos só hard rock e tocámos muita outra coisa.
RR: Sentes o blues também, mas claro que o hard-rock foi buscar esses campos do blues e do rock… Sinceramente, não me incomoda, mas também não me diz nada. Eu gosto de música, não me interessam os géneros. Desde que a melodia me entre na cabeça e me mexa com o sistema nervoso, é o que interessa.
Em Barcelos já se sabe que há muitas bandas, mas está agora a surgir uma nova vaga de grupos com pessoal bastante novo, e alguns deles, como os The BrainScape, reclamam a influência de Shamans of Rock. Isso deixa-vos orgulhosos?
BL: Claro que sim, é bom. Eu também sempre tive influência das bandas de Barcelos, inevitavelmente. Se calhar, se não as tivesse é que era anormal. Se nasci numa cidade onde existe música tenho que aproveitar o que há. Seja música ou outra arte.
OS: Claro que é sempre bom sermos reconhecidos por outros. Se as pessoas gostarem daquilo que fazes, é sinal de que não é feito ao acaso.
Vocês já tinham a “Rock’n Roll”, que gravaram na maqueta de 2007, cantada em português, e agora introduziram no álbum uma outra canção – “Homem Vai” – na nossa língua. Essa tendência para cantar em português pensam segui-la mais vezes?
RR: Não há nenhum obstáculo em cantar em português. Por norma, as coisas fluem naturalmente. Trabalha-se um tema e instintivamente vem alguma coisa à cabeça. Não temos a obrigatoriedade de cantar em português ou em inglês, é o que surgir.
OS: Eu, pessoalmente, prefiro o português. Acho que devemos usar a nossa língua. Se estás a tocar e queres transmitir uma mensagem, é na tua língua que o deves fazer. Mas é a minha ideia, não quer dizer que não goste de tocar canções em inglês. Mais importante do que a língua que usas é que o que fazes te soe bem. Agora, claro que é muito mais fácil fazer uma letra em inglês do que em português, porque podes dizer merda para a frente e aquilo sai sempre bem.
Entrevista publicada na edição #2 do jornal Rock Rola em Barcelos de Outubro de 2011.