Ora, desta vez o Sinfonias de Aço fê-la bem bonita. Imaginem convidar para a mesa os quatro elementos dos Serrabulho. Para a mesa de entrevistas, entenda-se - até porque os rapazes são um bocado biqueiros e é preciso insistir para meterem alguma coisa à boca. São novos, pronto. É sempre assim. Mas, à falta de mesa, a entrevista efectuou-se ali mesmo no meio da rua, em frente ao Xispes, em plena south bank do Rio Cávado na muy nobre freguesia de Barcelinhos.
Quem conhece o cenário e os quatro amigos de Vila Real já se deve estar a benzer neste momento e a pedir ao Senhor que não o leve tão cedo. Na verdade, esta é mesmo uma daquelas entrevistas que o Sinfonias de Aço gosta de fazer: porque quem passa se está completamente a cagar para um gravador e quatro pessoas a prestar importantes declarações e nem sequer abranda o volume de voz; porque o gajo da ambulância que acaba de sair do quartel liga a sirene mesmo ao nosso lado, não para fazer bombing à entrevista, mas para escorraçar toda a malta incauta à porta do bar; porque o gajo da mota faz um cagaçal tremendo, não para se armar em parolo, mas porque uma cagadeira de 50cc, se não levar velocidade suficiente, é bem capaz de lhe dar o badagaio a meio da subida.
Falando de coisas mais sérias, nesta animadíssima conversa aborda-se, obviamente, o mais novo "Star Whores", o processo de edição, de composição, gravação e todos esses detalhes que eles explicam como ninguém, de algumas curiosidades da estrada e de palco, da banda em si e de como todas as coisas interagem e, quase sem se darem conta disso, da filosofia por detrás dos Serrabulho, banda porta estandarte da classe operária, nomeadamente da área da construção civil e dos problemas do sector do ponto de vista laboral. Ouçam para perceber do que eu falo. E depois há um ror de outros assuntos analisados à lupa que só se descobre ouvindo atentamente.
A sério: ouçam. Nós divertimo-nos à brava com esta entrevista e acredito que vai acontecer o mesmo com vocês. Digamos que é uma entrevista de rir. E muito. Nunca vos enganei pois não?
Então encham o peito de ar e a alma de coragem, metam o dedo no player aí em baixo e seja o que deus quiser.
Fotos: Fátima Inácio Gomes
A entrevista foi emitida na Rádio Barcelos a 26 de setembro de 2015. E ninguém morreu.