Colectânea editada em Setembro de 2018 reunindo 11 projectos num tributo à Ode Filípica.
ODE FILÍPICA, projecto de Carlos Matos e Pedro Granja, nasceu entre a Maceira (concelho de Leiria) e a Marinha Grande, e manteve-se activo entre 1989 e 1994. Durante esse período, a Ode Filípica apresentou-se apenas quatro vezes em público. Momentos planeados ao milímetro para criar ondas de choque. As aparições na imprensa também ajudaram a alimentar o culto em torno de uma espécie de ovni no panorama musical português. Em especial, a entrevista ao então jornal Blitz que fala das sessões Ol Facipia Dei, de acesso restrito a sete pessoas de cada sexo. "Os concertos não eram só um acontecimento musical, eram uma provocação, um elemento artístico de confronto, um exercício para colocar as pessoas a questionar", explica Carlos Matos. A teatralidade em palco, as letras gótico-depressivas, as vocalizações violentas, as texturas sonoras que pareciam extraídas de rituais pagãos – tudo soava a mistério e nenhum dos mentores do projecto estava interessado em desmentir rumores.
Foi em 1989, uns meses antes da queda do Muro de Berlim, que Carlos Matos e Pedro Granja se conheceram. O primeiro estava a entrar na idade adulta, o segundo tinha chegado da União Soviética, via Manchester. Partilhavam afinidades musicais, com destaque para Cabaret Voltaire e Test Dept, mas eram diferentes como as duas faces da lua – o vocalista à beira do exorcismo, o engenheiro de sons discreto na rectaguarda. Lançaram várias demotapes com canções em português, inglês, francês, russo e odês – um dialecto que não era mais do que português da frente para trás. E um vinil de sete polegadas, que inclui as faixas Time do Hell, Língua Morta e Ritual of Purity. Editaram na Alemanha, apareceram em colectâneas ao lado dos Young Gods, Lassigue Bendthaus, Numb, Das Ich ou Allerseelen e partilharam a compilação Ritual Rock (1995) com Bizarra Locomotiva, Ornatos Violeta e Tédio Boys. Em 1992 participaram com três temas na colectânea Faces Ocultas, no formato cassete pela label ANTI-DEMOS-CRACIA, entre outros.
"Nunca nos assumimos como músicos, mas como manipuladores de sons. A Ode Filípica era a caixa de ritmos - uma Yamaha RX7 - que explorámos até ao tutano", afirma Carlos Matos, que atribui ao ambiente industrial da Marinha Grande, onde cresceu, o interesse por bandas como Einstürzende Neubauten. E acrescenta: "Desde miúdo que o barulho das máquinas a trabalhar, em cadência, era ritmo para mim. E comecei cedo com uma percepção dos ruídos que me rodeavam e que para mim funcionavam como estimulador musical aos quais acrescentava palavras ou simples cacofonias imperceptíveis..."
Texto de Cláudio Garcia adaptado por António Caeiro
https://anti-demos-cracia.bandcamp.com/
antidemoscracia.wix.com/a-d-c
ANTI-DEMOS-CRACIA
ADC071SET2018
formato: CD-Digipack + digital
edição em CD limitada a 50 exemplares numerados
artwork: António Caeiro
Edição: ANTI-DEMOS-CRACIA + ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS
1. Morte Psiquica - Em teu sonho acordado (05:01)
2. mARCIANO - Húmus-caos (05:35)
3. Erros Alternados feat. Arcanjo - Smash Balls in Your Darkness (04:17)
4. Teatro Grotesco - Time to Hell (02:29)
5. Nothing Always Works - Asifat El Sahra (03:43)
6. Kokori - Infinito Finito (07:12)
7. Oktober Delusion - Scriptures (01:02)
8. Walt Thisney - Infected by the Haunted Sounds of Janusjus (04:16)
9. Manifestis Probatum - Ode Filípica (01:31)
10. ToXXXico - Língua Morta (02:21)
11. Fuel to Fight - mueD (00:29)