A Pós-80's orgulha-se de apresentar, como opus 011 do seu catálogo, uma atualização da obra “A Nova Portugalidade” de U NU, com três bónus tracks, um deles publicado pela editora suíça Yucca Tree Records. Teve lançamento a 31 de dezembro de 2024.
O motivo?
«Passam 30 anos relativamente à edição de um dos mais desconhecidos e surpreendentes discos da música portuguesa [“A Nova Portugalidade”]. Grupo inovador e formado por vários géneros e instrumentos musicais, [U NU] apoia-se nos textos literários de Vitorino Almeida Ventura. Os músicos interpretam, cantam, recitam, dançam, representam, mimam, soprando gaitinhas, percutindo sinos... e instrumentos clássicos, de um modo singular. Na composição da sua obra usam várias estruturas e estilos musicais desde a popular portuguesa, à pop e erudita. Além disso, a sua obra abre-se a outras formas de arte - a fotografia, a pintura, o teatro, realizadas por elementos do grupo ou em colaboração com outros artistas.»
Texto retirado da página Bookstage - Nos Bastidores do Rock Português, republicado pelo portal Som Lusitano.
"PORTUGAL ESTÁ NU E RECOMENDA-SE
U-Nu, Unidade, Nudez. Pode querer dizer isto ou outra coisa qualquer.
U-Nu é um novo grupo português, originário do Porto, cuja estreia na editora Numérica, "A Nova Portugalidade", é uma autêntica pedrada no charco.
Originalidade, inteligência, cuidado máximo na produção e na apresentação, num disco onde pela primeira vez músicos portugueses ousaram filiar-se na chamada "estética "Recommended"
[Fernando Magalhães, Jornal Público, 19 de outubro de 1994]
"EM AUDIÇÂO:
Um magnífico disco da música portuguesa, talvez o mais desconhecido e menos escutado de todos os tempos. Os U Nu eram do Porto e só gravaram este disco. Urge recuperá-lo, nem que seja por um motivo histórico.
Rock in Opposition Lusitano? Pode ser. Não é que o disco seja contra o Rock, mas também não é a favor, naquilo que o rock tem de efémero e lambe-botas. É um 'concept-album', ou seja, há uma ideia que une todas as canções e conta-se uma história, neste caso, irónica e metafórica, E nessa atitude, a banda U Nu (o 'u' despido) afasta-se do chamado 'mainstream', a música das 'playlists' e que toca nas rádios, segundo normas comerciais e contratos.
Se o conseguirem encontrar por aí, são sortudos. Tenho a minha cópia há 8 anos e, sempre que a ouço, descubro apontamentos novos"
[António Jorge Quadros Lázaro, abril de 2018]
"U-NU - A NOVA PORTUGALIDADE
Recomendo a audição completa deste álbum. Trata-se de uma obra em estilo "fusion" entre a ópera-rock e a ópera-bufa, presidida por uma estética do burlesco que faz a psicanálise paródico-musical da portugalidade sebástica e consumista no período que se segue à entrada na CEE (segunda metade dos anos 1980, início dos 90).
Recorde-se que a sátira do sistema educativo tivera um momento alto com "The Wall" dos Pink Floyd em 1979 e que a paródia das nascentes catedrais de consumo fora alvo a nível nacional do êxito "Rapariguinha do Shopping" (música de Rui Veloso e letra de Carlos Tê, álbum "Ar De Rock", 1980), referente ao Centro Comercial Brasília, daqui no Porto, o maior da Península Ibérica nessa época. No dealbar da década de 1990, Roger Waters voltaria a atacar com "Amused to Death" (1992), implacável censura à sociedade alienada em que vivíamos e ainda vivemos.
Existem no nosso país várias expressões artísticas dessa crise de consciência, mas talvez nenhuma com a complexidade desta obra magnífica da banda U-Nu, também do Porto e talvez por isso pouco conhecida. Os seus membros não mudaram para Lisboa como Rui Veloso e consta que foram eliminados das televisões por se recusarem a fazer "playback" ...embora me pareça que o disco é demasiado bom para se tornar popular.
Com libreto, composição e voz principal de Vitorino Almeida Ventura, oferece-nos uma espécie de wagnerismo pop-rock em que várias artes se juntam e interagem, do canto ao teatro. Essa componente operática é objectivamente a sua essência, na tradição mordaz da ópera-bufa, evocando no meu espírito "mutatis mutandis", tanto "Orphée aux Enfers" de Offenbach como "Les Mamelles des Tisérias" de Francis Poulenc (neste caso, com texto do vanguardista Guillaume Apollinaire).
Divirtam-se, começando com o desconcertante "A César", evocativo do novo império: CEEsar, hoje chamado UE".
[Luís Adriano Carlos, março de 2023]
©2024 Pós-80's (P8 011)
A Nova Portugalidade 2.0
Inclui o CD "A Nova Portugalidade" - Numérica (1994) e a demo "(N)o Regresso do(s) Diabo(s)" - ESMAE (1999)
(Re)masterização do CD + demo: David Soares (2024)
Edição: Pós-80's - dezembro de 2024
Artes plásticas:
Ilustração (no interior): José Feitor
Logótipo: Antero Ferreira/Celestino Fonseca
Fotografia da Capa: Óscar Almeida (retirada da edição de 1994)
Fotografia na contracapa: Rita Carmo
Grafismo: Carlos Paes (2024)
Artes cénicas e esculturas sonoras:
CD "A Nova Portugalidade" - Numérica (1994)
Ator residente/gaitas/voz: Viriato Morais
Bateria, direcção artística, percussão: José João Cochofel
Beixo eléctrico: Fernando J. Noronha
Coro: João Calheiros, João Merino
Piano: Luís Serdoura
Sentetizador: Ricardo Pereira
Violoncelo: Luísa Allen
Voz, desenhos da composição, textos: Vitorino Almeida Ventura
Gravação: Jorge Fidalgo, no Aurastudio/Numérica 1994
Produção: Mário Barreiros
Demo "N(o) Regresso do(s) Diabo(s) - ESMAE (1999)
Bateria, percussão, marcha atlética (p16), Onomatopias (p17): José João Cochofel
Baixo eléctrico, sapateado, (p16), Onomatopias (p17): Fernando J. Noronha
Piano, marcha atlética e desempenho da composição (p16), Onomatopias (p17): Luís Serdoura
Sintetizador, marcha atlética (p16), Onomatopias (p17): Ricardo Pereira
Voz, pandeireta (p17), flauta de êmbolo (p18), desenhos da composição, textos: Vitorino Almeida Ventura
Gravação: Paulo César Ferreira e Diogo Leichsenring Franco, no estúdio A/ESMAE, em 1999
A Nova Portugalidade
1. A César (2:30)
2. Os direitos metálicos do gato (2:23)
3. O castelo do outro lado (3:11)
4. Narciso ou O crítico musical leva-nos ao Paraíso (2:54)
5. (para o Curriculum vitae) (1:03)
6. E nós, coroados imperadores do Espírito Santo? (3:42)
7. .Pela nova portugalidade (2:53)
8. Ébrio, o cantador exige sentimento aos tocadores e censura a divindade que criou a mulher (3:37)
9. Praxis veteranorum: (3:24)
10. Com os votos da maioria (1:52)
11. O cantor lírico... boceja (3:01)
12. No concerto do desejo (2:24)
13. Modelos em massa (1:55)
14. Do fogo urgente (4:26)
15. Mestre Sebastião e a folha (3:38)
No Regresso dos Diabos (demo)
16. A revolta dos patinhos feios (1:35)
17. O Senhor Ministro ri (3:01)
18. Fechados num poema em construção (3:35)