«Boom do Rock Português (ou do rock cantado em português): Começou a explodir com os concertos internacionais, pois os grupos locais faziam sempre a primeira parte. Era moda e estava na moda. Grande impulso na rádio com o "Rock em Stock", de Luís Filipe Barros, no FM da Rádio Comercial. Seus Arautos: UHF e Rui Veloso. Mais tarde vieram os Taxi, Jafumega, Lena d'Água com a Salada, Heróis do Mar, Aqui del Rock, Adelaide Ferreira e mais de uma dezena que ficaram pelo caminho.»
Luís Vitta, Blitz, 14 de Maio de 1985
«É fácil gravar um disco, mas também é muito mais fácil não gravar mais nenhum.»
António Manuel Ribeiro, Luso Clube, 1988
«Acho que o 'Chico Fininho' foi muito importante porque, de repente, editoras que não tinham nada a ver com música moderna, como a Polygram, começaram a assinar grupos. Tu ias lá com duas guitarras e uma bateria e assinavas. E outras editoras que se fizeram, estou-me a lembrar da Rotação, que descobriu uma série de projectos, inclusivamente os Xutos & Pontapés (...)»
António Manuel Ribeiro, Blitz, 1990
«Eu fui músico durante quinze anos. Comecei a tocar em princípios de oitenta, ou seja, passei por todas as fases: tive más condições, tive boas condições, tive condições péssimas... tive coisas mal organizadas. A minha escola foi mesmo a estrada.»
Carlos Vieira, 1998
«...achei muito positivo o facto de as pessoas começarem a tocar descomplexadamente, a compor em português e a ir para a estrada. Isto foi um aspecto importante desse boom do rock português, depois houve o aparecimento do Veloso, que foi também importante...»
Sérgio Godinho, Blitz 726, 1998
«Nos anos 80, não havia profissionais. Havia até a moda dos grupos não profissionais. Era "bom" ter outras carreiras "porque havia mais amor à música", dizia-se na altura. Era bom, portanto, ser médico, engenheiro ou pintor.»
Manuel Faria, DN, 1999
«Basta lembrar que estivemos [EMI-VC] quase um ano sozinhos. Não tínhamos concorrência nenhuma. Não havia mais ninguém... Havia apenas o Rui Veloso... Depois houve os «Cavalos de Corrida» dos UHF...e só na altura em que a gente editou os GNR é que a Polygram saiu com os Táxi. Eles foram apanhar um cavalo que tinha entrado por ali a correr e que não sabiam o que era...»
David Ferreira, Promusica, Julho 2001
Nos anos oitenta, do rock português, dos cinco ous seis grupos da primeira vaga que ficaram, UHF eram da Valentim, assim como GNR. A isto há a acrescentar os Táxi, da Polygram... Mais tarde os Heróis do Mar na Polygram...Depois mais tarde António Variações na Valentim, e completamente a correr por fora, os Xutos. Ou seja, falar da fase Rock Português, mais de 50% dos nomes relevantes eram Valentim e passam a ser EMI-Valentim de Carvalho.
idem, idem
«Encontrámos uma comunicação social muito aberta. Entre o que seria um guião previsto de um programa do Júlio Isidro ou um programa do Jorge Pego ou do Luís Filipe Barros, e aquilo que era o programa final, havia uma grande liberdade. Toda a gente participava. Entrava-se numa estação de rádio e um disco tinha fortíssimas chances de ser ouvido. Passava de imediato para o prato.»
idem, idem
«Existe muito por cá o jornalismo de secretária. Nos anos 80, havia mais militância e isso notava-se nos concertos, no número considerável de maquetes que circulavam nas rádios. Chegava a casa, sintonizava o rádio na Radio universidade Tejo e ouvia o malhão tocado em bidons por uma banda industrial do barreiro, coisas assim, surpreendentes. Alguns anos depois, apareceram várias editoras independentes que tinham amor à camisola, editavam uma banda desconhecida em que eles acreditavam. Muitas desapareceram porque esses discos vendiam muito pouco e perdiam dinheiro. Por muito boa vontade que tivessem, havia contas para pagar.»
Tó Trips, 2001
«Com quatro anos sobre o 25 de Abril, grupo que tocasse rock, era um grupo de guedelhudos e drogados. Éramos corridos das salas de ensaios nos momentos mais dramáticos, quando íamos gravar uma maqueta ou fazer um ensaio para um concerto.»
António Manuel Ribeiro, NG, 2003
«[Essa época dourada da música eléctrica portuguesa foi] uma lição para as editoras, para terem ganas. Uma lição para os artistas se lembrarem de como podem ir longe a escreverem em português, porque há uma maior proximidade com o público. E é também uma lição para os media pela abertura que demonstraram.»
David Ferreira, Público, 2003