BIOGRAFIA
Dora Maria Reis Dias de Jesus nasceu em Lisboa em 20 de Maio de 1966.
Uma amiga da família incentivou-a a participar no concurso de apuramento da Cinderela portuguesa, promovido pelo programa Clube Amigos Disney.
Não ganhou o concurso mas Guilherme Inês, Zé da Ponte e Luís Oliveira (os responsáveis pela selecção das candidatas) ficaram deslumbrados com a concorrente e convidaram-na para defender o tema "Não Sejas Mau Para Mim" no Festival RTP da Canção de 1986. O tema, uma produção da Namouche Team, acabaria por vencer e foi representar Portugal em Bergen, na Noruega, onde obteve o 14º lugar.
A versão internacional do single inclui os temas "You're Hurting Me" e "This Will Be The Last Time". Em Agosto de 1986 é editado o single "Easy/Seventeen". Ainda nesse ano é editado o single "Our Love".
Em Julho de 1987 é lançado o single "Já Dei" (com letra de Mário Zambujal) e que incluía no lado B uma versão em inglês desse tema.
Colabora com os Onda Choc no tema "Ser Artista Não É Fácil", versão de um sucesso de Kim Wilde.
No dia 7 de Março de 1988 venceu o 1º Prémio Nacional de Música, realizado no Casino Peninsular da Figueira da Foz, com o tema "Déjà Vu", da autoria de Zé da Ponte, Guilherme Inês e Luís Oliveira.
Este foi um dos temas apurados para a final do Festival da Canção desse ano mas o tema escolhido para concorrer ao Festival da Eurovisão acabou por ser "Voltarei". Dora apenas dera voz à maqueta enviada a concurso, sem assumir qualquer compromisso com os autores da canção, José Niza e José Calvário, mas seria com esta canção que iria à Irlanda.
É editado o álbum de estreia intitulado "Déjà Vu" que que inclui o tema-título, nas versões portuguesa e inglesa, e outros temas como "Easy" e "Lies".
Participa como actriz no musical "Enfim Sós", da responsabilidade de Carlos Cruz, Mário Zambujal e José Duarte, e é nessa peça que encontra o seu marido, Jorge Paiva. Chega a interromper as actuações na peça devido à lua de mel que decorreu no Brasil. Em Dezembro de 1988, Dulce Pontes substituiu Dora na peça "Enfim Sós".
Em 1990 participa no Festival da OTI com o tema "Quero Acordar". No Festival da Canção desse ano é um dos cantores que recordaram êxitos especiais do Eurofestival.
Vai viver para o Brasil tendo regressado a Portugal em 2001. Participou na banda sonora da novela "Lusitânia Paixão" e em vários espectáculos do Casino Estoril.
Em 2006 foi uma das vozes convidadas do programa "A Canção da Minha Vida".
DISCOGRAFIA
Déjà Vu (LP, CBS, 1988)
SINGLES
Não Sejas Mau Para Mim/You're Hurting Me (Single, Dacapo, 1986)
Easy/17 Seventeen (Single, CBS, 1986)
Our Love/You'll Never Get Me (Single, CBS, 1986)
Já Dei/Lies (Single, CBS, 1987)
Voltarei/I'll Come Back (Single, CBS, 1988)
Dejà Vu/Dejà Vu (versão em Inglês)(Single, CBS, 1988)
Colectâneas
Portugal Remix (2005) - Não Sejas Mau P´ra Mim
Canção da Minha Vida (2006) - Várias
COMENTÁRIOS
A sua ascensão meteórica nos anos 80 foi fruto de uma série de felizes coincidências. É que Dora nunca levou a sério a sua queda para a música. Foi uma amiga da família, professora de televisão, que a incentivou a participar num concurso da Disney para apuramento da Cinderela portuguesa. Os responsáveis pela selecção das candidatas eram, na altura, Guilherme Inês, Zé da Ponte e Luís Oliveira. «Ela chegou de olhos cravados no chão, com os cabelos a tapar a cara, muitíssimo envergonhada. Escolheu uma canção de Bryan Adams, e quando começou a cantar toda a gente ficou embasbacada», conta Zé da Ponte, que se sentiu imediatamente rendido àquela «força da natureza». Dora não foi a Cinderela portuguesa mas aceitou o convite dos seleccionadores para interpretar «Não Sejas Mau Para Mim», a canção representante de Portugal no Festival da Eurovisão em 1986. «A sua primeira actuação ao vivo, para milhões de telespectadores», recorda o produtor, para quem Dora é um «bicho de palco».
Há quinze anos tornou-se conhecida com a canção «Não Sejas Mau Para Mim». Representou Portugal no Festival da Eurovisão, gravou vários discos, foi aliciada por editoras estrangeiras a abraçar uma carreira internacional. Contra todas as expectativas, Dora, também conhecida como a menina das botas - uma das suas imagens de marca - abandonou o nosso país rumo ao Brasil, onde permaneceu uma década.
Os «singles» pós-Eurovisão foram gravados em Inglaterra, onde, garante Zé da Ponte, «toda a gente a adorava e reconhecia as suas potencialidades». O passo seguinte era o lançamento à escala internacional. A Sony Europa propôs-lhe um contrato fabuloso, irrecusável. Inexplicavelmente, Dora sai de cena. Anuncia que vai viver para o Brasil, deixando Zé da Ponte e Guilherme Inês tão boquiabertos como quando a viram cantar no «casting» da Cinderela.
Após dez anos no Brasil, ei-la de volta. Durante os dez anos que viveu no Rio de Janeiro, Dora deu aulas de Inglês, estudou música, teve aulas de canto e trabalhou com diversas bandas. «Desenvolvi projectos no âmbito do chamado 'funky brasileiro', que é uma espécie de 'rythm and blues' tropical. Foi uma experiência gratificante: tratava-se de uma música muito negra, que eu nunca tinha cantado, e que me ajudou a definir o meu estilo», diz-nos. Enigmática, acrescenta que a maneira de ser dos brasileiros - «aquela alegria e leveza» - a ajudou imenso a crescer. «Como mulher, desabrochei e encontrei-me, dissipei as dúvidas e serenei as tempestades interiores», avança, sem entrar em detalhes. As razões que a levaram a terras de Vera Cruz, tal como as que a trouxeram de volta, permanecem uma incógnita. Sabe-se que teve mais dois filhos (um rapaz agora com 11 anos e uma menina com quatro meses) e que em Portugal tem «mais apoio para prosseguir a carreira».
Agora, que está de volta, mostra-se empenhada em gravar um disco que reflicta o seu «crescimento musical». Para já, aceitou sem hesitar o convite do Casino Estoril para actuar todas as noites no «Du Arte Garden»
Zé da Ponte, que prepara com a cantora o disco que será editado para o ano, adianta que já recebeu propostas de diversas editoras, «dispostas a apostar no escuro». Ao que tudo indica, Dora vai dispor de uma segunda oportunidade para se lançar em grande.
ISABEL OLIVEIRA / EXPRESSO, 14.07.2001 (Adaptado)
NO RASTO DE...
Regressou a Portugal em 2001 tendo participado na banda sonora da novela "Lusitânia Paixão". Está no Casino Estoril tendo participado em espectáculos como "Egoísta"e "Fruta Cores".