BIOGRAFIA
Toda a gente sabe que existem os GNR (Grupo Novo Rock), mas poucos saberão que existiu uma banda chamada PSP. O que é certo é que essa banda existiu mesmo.
A comandá-la estava Vítor Rua, ex-elemento dos GNR (um dos fundadores do grupo de Rui Reininho e autor dos temas "Portugal na CEE" e "Sê Um GNR").
Os PSP (cujas iniciais significam Projecto Som Pop) formaram-se no Porto e eram formados, para além de Rua (que tocava baixo, guitarra e cantava), por Dom Lino (bateria), Luís Carlos (Sintetizador e Computador de Ritmos).
Gravam o seu único disco para a editora Ama Romanta, uma etiqueta independente que apareceu nos anos 80, da qual fazia parte João Peste (dos Pop dell'Arte). O disco tem por título "Pipocas" e, no "encarte" do LP (este disco nunca seria reeditado em CD) Jorge Lima Barreto (companheiro de Rua no projecto Telectu) escreve que o disco foi editado pela Ama Romanta "com independência em relação ao totalitarismo que controla o mercado musical, com as suas inevitáveis extensões nos mass-media".
Vítor Rua saiu dos GNR em rota de colisão com a orientação da banda, que ele queria mais experimental e menos Pop.
No LP "Independança" os GNR tinham seguido várias orientações de Rua, incluindo um tema que ocupa toda a faixa B do disco e se chama "Avarias". Este tema tem a duração de 23 minutos e é, totalmente, experimental.
Foi essa faceta que o músico tentou explorar no disco "Pipocas", de tal maneira que um dos temas se chama "Avarias 2".
Do alinhamento do disco fazem parte temas como "Pico Fininho", "Oh, So Much Love", "Fadó-Samba", "Pi Pi Pi Pá", "Toillet Zone", "Portugal Na CEE" (uma nova versão muito mais lenta que a original) e ainda os temas "Instrumental n.º2", "Instrumental n.º3", "Instrumental n.º 4", "Instrumental n.º 5" e "Instrumental n.º 6". Recorde-se que o "Instrumental n.º1" era o lado B do single "Sê Um GNR".
Neste trabalho Vítor Rua conseguiu, finalmente, ter liberdade total para fazer o que queria, sem estar condicionado aos ritmos do mercado discográfico.
É, por isso, que este disco "Pipocas" ficará nos anais da música moderna portuguesa como um dos seus discos mais experimentais.
O estilo de música do disco varia entre o samba, a Pop, a canção latina, etc, sendo as canções cantadas em português e inglês e até em castelhano, com sotaque português.
Após a edição deste disco a banda terminou. Rua continuou com os Telectu e regressaria com os Pós-GNR e o novo LP "Mimi Tão Pequena E Tão Suja", um disco que revela, também, uma grande dose de experimentalismo.
As coisas estiveram azedas entre Rua e os GNR com processos em tribunal e registo do nome por parte de Rua, e a tentativa de interdição do uso do nome pelos restantes. Estes incidentes levaram à 2.ª edição do disco "In Vivo" dos GNR. A primeira edição continha temas de Rua que este obrigou a serem retirados do alinhamento do disco.
As divergências entre Vítor Rua e os membros dos GNR só foram sanadas com a edição da compilação "Tudo O Que Você Queria Ouvir - O Melhor Dos GNR", quando Rua fez as pazes com os restantes membros da sua banda original. Chegou, inclusive, a tocar com eles ao vivo no concerto de lançamento do disco.
ARISTIDES DUARTE / NOVA GUARDA
DISCOGRAFIA
Pipocas (LP, Ama Romanta, 1988)