BIOGRAFIA
Os Trovante (1) começaram em 1976, em Sagres, quando um grupo de amigos se juntou para fazer música. A sua formação original era constituída por João Nuno Represas, Luís Represas, Manuel Faria, João Gil e Artur Costa.
Em 1977 gravam o seu primeiro disco "Chão Nosso"(2), com uma forte componente política e influenciado pela música tradicional portuguesa.
No ano seguinte, mudam de editora e gravam "Em Nome da Vida", um disco que os confirma como um grupo muito importante da nova música de intervenção. Participam, também, nos coros do disco "Fura Fura" de José Afonso e em "Histórias de Viageiros" de Fausto.
Né Ladeiras (vinda da Brigada Victor Jara) junta-se à banda e participa na gravação do single "Toca a Reunir", além de participar em vários espectáculos. No entanto, esta cantora estará pouco tempo no line up.
A partir de 1980 o grupo muda de rumo musical, concentrando-se mais nos elementos de origem tradicional da sua música e com os seus componentes a iniciarem estudos musicais no Hot Club de Portugal, sem dúvida uma escola que se revelará importantíssima na evolução do som do grupo.
Gravam o disco "Baile no Bosque", uma verdadeira pedrada no charco e um enorme sucesso comercial. Em pleno Boom do Rock Português (3), os Trovante conseguiam ter sucesso sem se enquadrarem nesse estilo. Para a história ficarão "Balada das Sete Saias" e "Outra Margem". Fernando Júdice e António José Martins entram para a banda que passa a ser constituída por 7 elementos.
O sucessor de "Baile no Bosque" será editado em 1983 e chamar-se-á "Cais das Colinas", no qual está incluindo esse verdadeiro ex-libris do grupo que é "Saudade". Neste disco já não participa João Nuno Represas, que abandonou o grupo. José Salgueiro entra para a bateria e José Martins encarrega-se das percussões. (4)
Em 1984 lançam "84", um disco que contém "Xácara das Bruxas Dançando" e "Travessa do Poço dos Negros". Este disco é o pretexto para dois concertos no Coliseu de Lisboa, com 8 000 pessoas a aplaudirem os músicos.
Em 1986 surge "Sepes", o seu novo trabalho e continuam os espectáculos, sempre com grande sucesso.
À sombra dos Trovante tinham, entretanto, surgido outros projectos como os Charanga com o disco "Aguarela" e Mafalda Veiga com "Pássaros do Sul": Pode até falar-se no trovantismo e no pós-trovantismo, tal a importância que o grupo adquiriu.
"Terra Firme" é o próximo passo na carreira dos Trovante. Neste trabalho é possível ouvir "Perdidamente", com poema de Florbela Espanca e "125 Azul". Este é um trabalho assumidamente pop e, no qual as referências mais tradicionais se esbatem.
Em 1988 o grupo arrisca uma superprodução no Campo Pequeno, para oito mil pessoas que sabem todas as canções de cor e que resulta no disco ao vivo "Trovante Ao Vivo no Campo Pequeno", que será disco de Platina.
Em 1990 o grupo edita o seu último disco de estúdio "Um Destes Dias" que terá em "Timor"(5) o seu maior êxito.
Este disco é mal recebido pela crítica e os Trovante realizam a sua última digressão antes da dissolução definitiva.
O grupo efectuou, em 12 de Maio de 1999, no Pavilhão Multiusos do Parque das Nações, um espectáculo de que resultou um duplo disco e a transmissão na RTP. O pretexto foi um convite do Presidente da República, Jorge Sampaio, para que o grupo Trovante se voltasse a reunir neste ano em que se comemoraram os 25 anos do 25 de Abril.
ARISTIDES DUARTE / NOVA GUARDA
Em 2003 foi lançada o livro "Por detrás do Palco" da autoria de Manuel Faria. No dia 21 de Junho desse ano foi editado um disco ao vivo com as gravações do concerto, de 28 de Maio de 1983, na Aula Magna.
Em 12 de Outubro de 2006, o grupo reúne-se para um concerto no Campo Pequeno, numa iniciativa promovida pelo Montepio Geral. Para efeitos promocionais é registado o DVD "Não Há Volta A Dar".
No ano de 2007 é lançado em DVD o concerto "Uma Noite Só".
(1) Deve dizer-se O Trovante e não Os Trovante. Manuel Faria explicou, ao jornal Público, a razão do singular em vez do plural: "Desde o início chamámos-lhe 'O' Trovante porque era algo maior que nós, exterior a cada um de nós, que merecia o respeito de todos. É engraçado que, ainda hoje pensamos assim, não nos consideramos 'Os' Trovante".
(2) O disco foi colocado à venda na antevéspera do Natal. A editora abriu falência pouco tempo depois. "Nuvem Negra" venceu o Festival Nacional da Canção Política, em ex-aequo com Carlos Paulo, o que os levou a tocar num Festival da Juventude em Cuba. Editam o segundo álbum e participam no disco "Madrugada dos Trapeiros" de Fausto. O single "Toca a Reunir", com Né Ladeiras, foi editado pela cooperativa Fórum mais ligada às actividades cinematográficas.
(3) O "Baile no Bosque" foi gravado antes do "Chico Fininho" mas beneficiou da abertura conseguida entretanto. Da primeira vez que tentaram vender o disco não conseguiram.
(4) Em 1983 gravam com o brasileiro Moraes Moreira o tema "Baila No Meu Coração (Baião de Dois)". O lado B do single era uma gravação ao vivo de "Namoro", registada no concerto da Aula Magna.
(5) A canção "Timor" apareceu pela primeira vez na banda sonora do filme "Flores Amargas" de Margarida Gil (irmã de João Gil) . "Era basicamente instrumental mas tinha um coro em tétum, em que já se ouvia "Ai Timor, ai Timor". Mais tarde o João Monge fez a letra que hoje se conhece e que foi gravada pelos Trovante." JG
(6)regressaram em 2006 para um espectáculo no Campo Pequeno, que aliás foi editado no ano passado em DVD. //O Trovante acabou em 1992 e, pelo meio, houve dois incidentes.Luis Represas, DN/ 2009
DISCOGRAFIA
Chão Nosso (LP, Sassetti, 1977); (CD, Strauss, 2002)
Em Nome Da Vida (LP, Mundo Novo, 1978)
Baile No Bosque (LP, EMI, 1981)
Cais Das Colinas (LP, EMI, 1983)
84 (LP, EMI, 1984)
Sepes (LP, EMI, 1986)
Terra Firme (LP, EMI, 1987)
Ao Vivo No Campo Pequeno (2LP, EMI, 1988)
Um Destes Dias (LP, EMI, 1990)
Saudades Do Futuro - O Melhor Dos Trovante (Compilação, EMI, 1991)
Uma Noite Só (CD, EMI, 1999)
Aula Magna 1983 (2CD, EMI, 2003)
SINGLES
Nuvem Negra (Single, MN/TLD, 1978)
Toca A Reunir/Não Há Três Sem Dois (Single, Fórum,1979)
Balada das Sete Saias/Companha (Single, EMI, 1981)
Saudade/Oração (Single, EMI, 1983)
Baila no Meu Coração/Namoro (ao vivo) (Single, EMI, 1983)
Bye Bye Blackout/Perdidamente (Single, EMI, 19*)
Timor (Single, EMI, 1999)
COMPILAÇÕES SE
Saudade - Colecção Caravela (Compilação, EMI, 1997)
125 Azul - Colecção Caravelas (Compilação, EMI, 2004)
Perdidamente - Colecção Caravelas (Compilação, EMI, 2004)
O Melhor de Trovante (Compilação, EMI, 2010)
NO RASTO DE...
Depois do fim do grupo, Luís Represas encetou uma já longa carreira a solo.
João Gil fez parte dos Moby Dick, Rio Grande, Ala dos Namorados e Cabeças do Ar. O seu projecto mais recente é a Filarmónica Gil. Produziu discos de nomes como Janita Salomé, Mafalda Arnauth e Isabel Silvestre.
Fernando Júdice participou no projecto Resistência e colaborou com a editora Farol. Em 1997 foi convidado a integrar os Madredeus, onde toca actualmente. Em 2002 gravou com José Peixoto o disco "Carinhoso".
João Nuno Represas acompanha Luís Represas nos espectáculos ao vivo e foi o web-designer do site de Luís Represas.
Manuel Faria produziu discos de Entre Aspas, Sérgio Godinho e Mafalda Veiga. Esteve envolvido no projecto "Filhos da Madrugada", fundou a editora Dinamo onde produziu o disco "Espanta Espíritos". Outros dos seus projectos passavam pela organização de um álbum de homenagem a Amália e a formação do grupo "Sociedade Recreativa" mas nunca concretizados. Compôs para o Pavilhão português da Expo2002 de Hannover e para a expo 98. Tem um estúdio de publicidade, o Indigo. Em 2003 lançou uma biografia do seu grupo de sempre. Um dos seus desejos para o futuro é compôr para cinema.
António José Martins trabalha com Amélia Muge e Gaiteiros de Lisboa.
José Salgueiro participou em projectos como Adufe e Tim Tim por Tim Tum. É um dos elementos dos Gaiteiros de Lisboa.
Artur Costa integrou os Moby Dick (com João Gil) e neste momento colabora de perto com Manuel Faria